Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Decisão nas urnas

Eleições realçam momentos distintos de EUA e Brasil

Simpatizantes do grupo conservador Tea Party usam cartazes para atacar o governo Obama durante manifestação em Nevada | Bill Pugliano/Getty Images/AFP
Simpatizantes do grupo conservador Tea Party usam cartazes para atacar o governo Obama durante manifestação em Nevada (Foto: Bill Pugliano/Getty Images/AFP)
Veja os principais temas abordados nas campanhas e debates eleitorais no Brasil e nos EUA |

1 de 1

Veja os principais temas abordados nas campanhas e debates eleitorais no Brasil e nos EUA

Estados Unidos e Brasil, duas das das principais potências econômicas das Américas, realizam nesta semana eleições que definirão o futuro político das duas nações. No Brasil, que já elegeu seu novo Congresso, no último dia 3, o que está em jogo neste domingo é o continuísmo de um governo que já se encontra há oito anos no poder. Nos Estados Unidos, onde as eleições para a Presidência ainda vão demorar dois anos, os eleitores escolherão na terça-feira os novos deputados, dois terços dos senadores e 37 dos 50 governadores. Representando a maioria no Congresso desde 2008, os democratas – partido do presidente Ba­­rack Obama – se vê na eminência da perda do controle das duas Casas [Câmara e Senado].

"No Brasil, os partidos que apoiam o atual governo elegeram, no primeiro turno, 350 dos 510 deputados federais", destaca Emerson Urizzi Cervi, doutor em Ciência Política e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pa­­raná (UFPR). Cervi afirma que isso demonstra a alta taxa de aprovação do governo que está terminando. Nos EUA, Oba­­ma foi eleito em 2008 e contava com taxas recordes de popularidade no início do governo. "Mas um ano de­­pois seus índices de apro­­vação caíram pela metade, em grande medida como consequência da crise econômica e dos desgastes políticos pela aprovação da reforma no sistema de saúde", analisa.

As afirmações de Cervi revelam um fato determinante nessas eleições, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos: o momento econômico por que passa cada uma dessas nações. A boa fase econômica brasileira favorece a vitória da candidata da situação, en­­quanto a crise americana – ainda muito presente no dia a dia da população – acaba por afastar ou redirecionar os votos antes democratas.

"Os Estados Unidos estão passando por uma crise pela qual o americano não está acostumado a passar. Para o brasileiro, viver sob a égide de uma crise econômica é algo muito mais natural. Logo, é por isso que nos EUA a eco­­nomia continua sendo o tema central", explica Juliano Corti­­nhas, Co­­ordenador do Curso de Relações Internacionais da Uni­­Curitiba.

E a economia é de fato o tema mais explorado nas campanhas americanas para o Legislativo e para o governo dos 37 estados em disputa. "Os assuntos mais discutidos por aqui têm total relação com o momento econômico. Fala-se muito da necessidade de criação de novos empregos e sobre o perigo do crescimento do déficit fiscal", comenta Alexander Keys­­sar, professor de História e de Políticas Sociais da Universidade de Harvard, EUA.

Apesar dos assuntos econômicos ocuparem grande parte dos debates e discussões em torno da renovação do Legislativo americano e do governo da maioria dos estados, outros temas também têm ocupado espaços de destaque, como o Plano Nacional de Saúde, proposto por Barack Oba­­ma. "Trata-se de um plano que Oba­­ma conseguiu – a duras custas – aprovar, mas os republicanos e conservadores estão lutando fortemente para eleger o nú­­mero suficiente de deputados e senadores para anular o grande projeto de seguro saúde nacional almejado pelo Presidente", analisa David Fleisher, professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB).

Comparação

No Brasil, por causa do bom mo­­mento econômico, o assunto não tem causado grande polêmica, mas outros temas têm ocupado lugar de destaque nas campanhas eleitorais. "Os temas no Brasil se concentram nas áreas de segurança pública, educação e sáude", aponta David Fleisher. Surpre­­endenetemente – para a maioria dos especialistas – assuntos co­­mo religião e aborto acabaram por ocupar um lugar de destaque, principalmente no que diz respeito à disputa presidencial no Brasil. "A discussão do aborto nos Estados Unidos, bem como outras questões religiosas, são encaradas co­­mo cerceamento das liberdades individuais", afirma Fleisher. Pa­­ra Emerson Cervi a abordagem de assuntos como aborto e religião são descontextualizados e atrasados. "Eles não foram abordados pela ótica pública – no ca­­so do primeiro – ou como liberdade de expressão – no segundo caso. Isso demonstra, por um la­­do, co­­mo políticos são capazes de qualquer coisa para ganhar votos a mais. Por outro, demonstra co­­mo ainda existem ‘rincões’ sociais no Brasil, muito atrasados em re­­lação a determinados temas, ainda considerados tabus."

"Aqui no Brasil, o que vivemos ao fim do primiero turno e ao início do segundo foi o aumento das campanhas e propagandas apelativas. Acho que não cabe a nós dis­­cutir quem começou, mas os partidos perderam muito tempo nes­­sas questões­", finaliza Juliano Cor­­ti­­nhas, da UniCuritiba.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.