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Eleições dos EUA

Eleitores democratas votam no partido rival para conter Donald Trump

 | Aaron P. Bernstein/AFP
(Foto: Aaron P. Bernstein/AFP)

Vale tudo para impedir que o empresário Donald Trump seja candidato à presidência, inclusive votar no partido rival. É o que pensa o advogado Michael La Fratta, 31 anos, um dos eleitores do Partido Democrata que decidiram votar nos rivais de Trump nas prévias republicanas disputadas nesta terça-feira (1.º), um gesto para tentar conter a ascensão do polêmico bilionário.

“Estou preocupado com a nossa segurança”, disse La Fratta, prevendo que o discurso agressivo e xenófobo de Trump contra estrangeiros aumentará as ameaças externas ao país caso o empresário seja eleito.

Aproveitando as regras eleitorais da Virgínia, que permitem votar em um dos partidos nas prévias (mas não para ambos), o advogado decidiu abrir mão de apoiar um dos pré-candidatos democratas e marcou na cédula o nome do governador de Ohio, o republicano John Kasich. Segundo La Fratta, muitos de seus amigos farão o mesmo, incentivados por ele.

“Estou implorando a todos que saiam de casa para votar num dos adversários de Trump, não importa qual. A possibilidade de ter Trump como presidente é assustadora”, disse, logo após depositar seu voto em uma biblioteca de Richmond, capital da Virgínia.

Conhecida como a Super Terça, a série de prévias partidárias em 12 estados é decisiva na disputa pela candidatura à presidência nos dois partidos.

Além da Virgínia, oito dos estados da Super Terça tem votações abertas, que não exigem registro prévio em um dos partidos. Isso levou eleitores do campo liberal a estimular uma campanha pelo voto no partido rival para conter Trump.

Em artigo na revista “The Atlantic”, o cientista político Peter Beinart apelou aos eleitores liberais que optem pelo “voto útil” no senador Marco Rubio, considerado o pré-candidato republicano com melhores chances de bater o bilionário.

Embora acredite que Rubio seria um presidente “terrível” por suas ideias extremas em questões como imigração, direito ao aborto e o papel dos Estados Unidos no mundo, Beinart o considera um mal menor diante da possibilidade de Donald Trump ocupar a Casa Branca.

“A candidatura de Trump significaria um mergulho numa incerteza política pavorosa”, afirmou. “Os liberais deveriam tentar contê-lo apoiando Marco Rubio. E, se fracassarmos, devemos implorar aos conservadores que ajudem a parar Trump apoiando Hillary Clinton.”

O temor de que Trump consiga a candidatura também assusta muitos republicanos, e a ajuda dos democratas dispostos a virar a casaca por um cálculo estratégico é muito bem-vinda entre eles.

Adam Nickas, ex-diretor-executivo do Partido Republicano no Tennessee, um dos Estados da Superterça, tem feito campanha para convencer os amigos democratas de que a vitória de Trump é uma ameaça coletiva.

“O risco vai muito além do Partido Republicano”, alertou Nickas numa rede social.

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