Livro relata cotidiano de blogueira cubana
A cubana Yoani Sánchez ganhou fama mundial com seus relatos sobre o cotidiano na ilha comunista. Alguns posts em seu blog, o Generación Y (desdecuba.com/generaciony), já chegaram a receber mais de seis mil comentários. No ano passado, ela recebeu o prêmio Ortega y Gasset, da Espanha, na categoria Jornalismo Digital, mas não pôde receber o prêmio porque não ganhou o visto de saída do governo. O jornalista Sandro Vaia, ex-diretor de redação do Estadão, passou 30 dias em Cuba e gravou mais de 10 horas de entrevistas com Yoani para escrever um livro, A Ilha Roubada, em que conta a história da blogueira e o cotidiano dela no país. O livro será lançado na próxima semana. Leia os principais trechos da entrevista
Correu a internet nessa última semana a nova campanha publicitária da Sociedade Internacional de Direitos Humanos (ISHR, sigla em inglês), produzida pela agência alemã Ogilvy & Mather, que mostra Mahmoud Ahmadinejad, Hugo Chávez e Raúl Castro com medo de um mouse. Apesar de uma bem-humorada crítica aos governos que temem a livre circulação de informação, a propaganda não corresponde integralmente à realidade, que revela regimes autoritários fazendo cada vez mais uso da tecnologia com a intenção de divulgar suas ideias.
O próprio Ahmadinejad é um bom exemplo. O presidente do Irã possui uma estruturada página na internet (http://www.president.ir), atualizada regularmente com as últimas notícias sobre ele. Ainda mais indicativo do que o canal oficial na web é o batalhão de comentaristas iranianos dedicados exclusivamente a defender as políticas dos aiatolás pelos fóruns de discussão e blogs do país. Um estudo divulgado pelo Centro de Internet e Democracia de Harvard mostra que a blogosfera iraniana é bem distribuída entre reformistas/secularistas e conservadores/religiosos ainda que discordar das políticas do governo seja algo raro, devido à forte repressão contra os "dissidentes digitais".
Para Evgeny Morozov, um estudioso da questão da internet em regimes autoritários, é um erro achar que a única estratégia desses governos é caçar dissidentes. "O grande erro conceitual dos ciberutopistas é tratar o ciberespaço como uma área anarquista, onde as autoridades não se arriscam a entrar exceto para fechar tudo. A mídia encoraja essa visão de governos autoritários como tecnofóbicos censores da internet", escreveu ele em um artigo para o Boston Review.
Morozov cita o exemplo de Rússia e China, dois dos países mais ativos na web. Pelo menos desde 2005 a China patrocina o chamado "50 Cents Army", o Exército de 50 Centavos, uma referência ao valor recebido por cada blogueiro por post publicado em favor do governo comunista. Estima-se que entre 280 a 300 mil pessoas foram treinadas para exercer essa atividade. Na Rússia, além de o presidente Dimitri Medvedev gravar um videocast semanal, o Kremlim possui laços estreitos com a New Media Stars, uma empresa produtora de conteúdo para web. O último lançamento é um documentário sobre a guerra com a Geórgia, que atribui a culpa pelo conflito inteiramente na ex-república soviética e ganhou bastante repercussão na blogosfera russa.
Com a massificação do acesso à internet a partir dos anos 2000, virou lugar-comum a ideia de que uma revolução proporcionada pela disseminação da informação levaria democracia a todos os cantos do planeta. Agora, regimes autoritários mostram que a web também pode ser um bom veículo para manipular a opinião pública.
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Interatividade
A internet por si só pode ser um instrumento democratizador em países autoritários?
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