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Elma Avraham, uma artista, vó e bisavó de 84 anos, vivia sozinha e bem em sua casa no kibutz Nahal Oz, perto da fronteira de Israel com a Faixa de Gaza. Durante os ataques do dia 7 de outubro, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense, Avraham foi surpreendida por um grupo de terroristas palestinos que invadiram sua casa e a levaram como refém para Gaza.
Avraham e outras 240 pessoas foram sequestradas naquele dia pelos terroristas do Hamas, que na semana passada concordaram em libertar cerca de 50 reféns levados no dia 7 de outubro em troca de ajuda humanitária e uma trégua na ofensiva israelense que estava em curso no enclave palestino.
Neste domingo (26), Avraham estava na lista de reféns que foram libertados pelos terroristas palestinos. A artista, no entanto, voltou para Israel com a sua saúde extremamente afetada, segundo informações do jornal israelense The Times Of Israel.
Durante os 52 dias em que ficou em cativeiro sob o controle dos terroristas do Hamas, Elma Avraham não recebeu nenhum tratamento médico, nem mesmo os remédios vitais que ela tomava para suas condições crônicas, disseram seus familiares. Seus filhos ainda afirmaram que tentaram entregar os medicamentos que a idosa tomava diariamente à Cruz Vermelha, mas, segundo eles, a organização se recusou a levá-los para Gaza.
Assim que foi libertada no domingo, a israelense de 84 anos foi transportada de helicóptero diretamente de Gaza para o Hospital Soroka, localizado na cidade israelense de Beersheba, onde foi internada na unidade de terapia intensiva.
Segundo informações da mídia israelense, os médicos do Hospital Soroka afirmaram nesta segunda-feira (27) que Avraham ainda está em estado grave, instável, sedada e respirando por aparelhos. Sua temperatura corporal ainda está muito baixa e sua vida segue em perigo.
O diretor do Hospital Soroka, Shlomi Codish, disse que a idosa de 84 anos foi vítima de uma “grave negligência nas mãos do Hamas” e que ela “poderia ter morrido” ainda no domingo se não tivesse sido libertada.
Assim como o diretor do Hospital Soroka, a filha de Elma, Tali Amano, também criticou os terroristas do Hamas e os acusou de serem negligentes e cruéis com sua mãe. Ela também não poupou críticas à Cruz Vermelha, que, segundo ela, se recusou a levar os medicamentos para a idosa enquanto ela estava em Gaza.
"Minha mãe não deveria ter voltado assim. Foi negligência durante todo o período em que ela estava lá. Ela não recebeu seus medicamentos que eram vitais para sua vida. Foi abandonada duas vezes, uma vez em 7 de outubro, e uma segunda vez por todas as organizações que deveriam tê-la salvo e evitado que sua condição piorasse”, disse Tali Amano, que afirmou que sua mãe vivia normalmente no kibutz Nahal Oz e estava com a saúde controlada antes de ser sequestrada.
Segundo informações da agência Reuters, o chefe de assuntos médicos do Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas de Israel, Hagai Levine, disse que por mais de 50 dias os terroristas do Hamas mantiveram Elma Avraham em “condições que nenhum ser humano deveria ser submetido". Segundo ele, a idosa estava vivendo sem “dignidade humana” e sob um “abuso injustificável”.
Respondendo as acusações feitas pelos familiares de Elma Avraham, um representante do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse à Reuters que “tem mantido encontros diretos com as famílias afetadas” pelos ataques do dia 7 de outubro, as quais “encorajaram a entrega de medicamentos pessoais, embora a organização não tenha a capacidade de aceitá-los”. O representante disse que o CICV “continua a pleitear acesso aos reféns", reiterando "sua disposição para realizar visitas desde o início do conflito” e destacou que “um médico acompanhou Avraham e os demais reféns durante sua retirada de Gaza”.
Tali Amano expressou sua esperança pela recuperação de sua mãe e disse que não tinha ideia de como ela superou os dias em que ficou em cativeiro sob o controle dos terroristas palestinos. Amano também agradeceu ao Hospital Soroka pelo cuidado que estão tendo com Elma.