O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e o chefe da guerrilha do ELN, Antonio García, durante o acordo de cessar-fogo alcançado em junho em Cuba| Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa
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A guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) ordenou que todas as suas estruturas cessem fogo contra as forças militares colombianas de 6 de julho a 3 de agosto, quando começa oficialmente o cessar-fogo bilateral nacional por 180 dias acordado com o governo colombiano.

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“A partir da meia-noite de 6 de julho até a meia-noite de 3 de agosto de 2023, as estruturas do Exército de Libertação Nacional devem cessar todas as ações militares ofensivas contra as Forças Militares e policiais em todo o território nacional”, afirmou o Comando Central da guerrilha em um comunicado.

Esta é uma forma de cumprir o período de "alistamento" que os guerrilheiros e o governo acertaram em Havana, capital de Cuba, na terceira rodada de negociações e que implica um cessar-fogo bilateral nacional a partir de 3 de agosto, com prazo de preparação entre as duas partes que começa a partir da próxima quinta-feira (6).

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As estruturas do ELN também devem cessar as ações de inteligência a partir de quinta-feira, mas manterão os dispositivos de defesa e segurança ativados “para responder a ameaças ou ataques de qualquer organização ou grupo armado contra nossas unidades ou contra a população civil”.

Por sua vez, o presidente colombiano, Gustavo Petro, ainda não assinou o decreto de cessar-fogo, uma medida necessária, como destacou o ministro da Defesa, Iván Velásquez, em várias ocasiões para que o Exército e a polícia cessem suas ações ofensivas contra a guerrilha.

"Enquanto não estiver em vigor o cessar-fogo - e isto ocorre no momento em que o presidente emite um decreto que indica o dia e a hora precisos -, as operações ofensivas, toda a atividade da força pública com todas as suas capacidades, continuam se desenvolvendo", afirmou Velásquez.

Greve armada em Chocó

A decisão do ELN ocorre um dia depois que a Frente de Guerra Ocidental da guerrilha, que atua no departamento de Chocó, região colombiana situada na costa do Pacífico, anunciou uma "greve armada" por tempo indeterminado em toda a região.

“Apelamos a todos os habitantes e transportadores que se abstenham de circular no território enquanto vigorar a referida ordem”, disse o comandante da frente, conhecido como “Gerson”, em um áudio.

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A região sofreu vários ataques armados por parte da guerrilha que está em combate aberto com os paramilitares das Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC). Desde o final do ano passado, o confronto entre as duas forças vem colocando em risco centenas de pessoas da região.

A crise, segundo os moradores, é semelhante à sofrida entre 2000 e 2004, quando se intensificou a guerra entre as extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e os paramilitares Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), e ocorre justamente em um momento em que o ELN está sentado em uma mesa de negociações onde foi acordado "socorro humanitário" para a região do Baixo San Juan, rio colombiano que passa pelo departamento de Chocó e deságua no Oceano Pacífico.

No início de junho, a Defensoria do Povo advertiu que mais de 5 mil pessoas estavam confinadas no município de Nóvita, também em Chocó, ao norte de Sipí, devido a confrontos entre o ELN e o Clã do Golfo.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]