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A guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) sequestrou uma sargento do Exército colombiano e seus dois filhos, de seis e oito anos, um deles com autismo, enquanto viajavam por uma rodovia do departamento de Arauca, na fronteira com a Venezuela, informaram fontes militares colombianas nesta quarta-feira (5).
Trata-se da segundo-sargento Ghislaine Karina Ramírez e uma menina e um menino que viajavam em um carro particular pelo município de Fortul, em Arauca, que fica no nordeste da Colômbia. Durante a viagem, na segunda-feira (3), eles foram detidos pela Frente Domingo Laín do ELN, afirmou nesta quarta por meio de um comunicado o Comandante da Força-Tarefa Quirón, da Oitava Divisão do Exército.
“São crianças e minha filha é jovem”, denunciou o pai da sargento, Gerardo Ramírez, em entrevista à rádio Caracol, na qual disse que os três iam a Arauca visitar o pai das crianças, que também é militar. Ramírez ainda afirmou que uma das crianças precisa de "atenção especial" por causa de seu espectro autista.
Os acontecimentos ocorreram antes do início do cessar-fogo anunciado ontem pelo Comando Central do ELN e que vai ocorrer a partir desta quinta-feira (6) até 3 de agosto, quando deve começar oficialmente o cessar-fogo bilateral com o governo colombiano, acordado nos diálogos de paz de Havana.
“A partir da meia-noite de 6 de julho até a meia-noite de 3 de agosto de 2023, as estruturas do Exército de Libertação Nacional devem cessar todas as ações militares ofensivas contra as Forças Militares e policiais em todo o território nacional”, disse na terça-feira (4) o Comando Central da guerrilha em um comunicado.
No entanto, na terça, dia em que o ELN completou 59 anos de sua criação, membros do grupo assassinaram três policiais na convulsa região de Catatumbo, que também fica no nordeste da Colômbia.
Dois policiais foram mortos a tiros quando tomavam café da manhã em um restaurante no município de El Zulia e outro foi vítima de um franco-atirador em Tibú, ambos no departamento de Norte de Santander.
Além disso, a Frente de Guerra Ocidental do ELN, que atua no departamento de selva de Chocó, oeste da Colômbia, anunciou uma "greve armada" desde terça-feira que durará por tempo "indeterminado" em toda a região de San Juan, Sipí, Cajón e seus afluentes. Na área há mais de 8 mil pessoas confinadas e mais de 650 deslocadas.
El Chocó, localizado na região do Pacífico, sofreu vários ataques armados por parte da guerrilha, que está em combate aberto com os paramilitares Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC).
Resta saber se a partir desta quinta-feria as diferentes frentes do ELN efetivamente cessarão suas ações ofensivas contra o Exército e as operações de inteligência solicitadas pelo alto comando ou continuarão atos violentos em áreas como Chocó, Arauca e Catatumbo, onde a guerrilha tem muita influência.