A conferência estendeu suas negociações e terá sessão de encerramento neste sábado, em Lima, no Peru| Foto: EFE/Paolo Aguilar

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 20), que deveria ter terminado nesta sexta-feira (12) em Lima, no Peru, estendeu suas negociações para este sábado (13), enquanto países ricos e pobres tentam aparar suas diferenças em torno dos compromissos que assumirão para deter o aquecimento global.

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A sessão de encerramento da reunião foi adiada e será realizada às 10h deste sábado (13h, no horário de Brasília), anunciou a COP 20 pelo Twitter, enquanto os integrantes do encontro tentavam concluir o rascunho de um novo pacto global que definirá as medidas para reduzir as emissões de carbono e avançar em direção a um modelo de produção com menos impacto sobre o meio ambiente.

"Estamos quase lá. Devemos apenas fazer um esforço final", pediu o presidente da COP 20, o peruano Manuel Pulgar Vidal, depois de fazer um apelo para que os debates sejam acelerados e um texto final seja apresentado.

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As organizações ambientais advertiram que se os compromissos dos países em Lima forem modestos, isto será catastrófico para o acordo final previsto para o próximo ano, em Paris, na França.

A entrada em vigor do acordo está prevista para 2020.

O objetivo é reduzir as emissões de gases do efeito estufa para limitar o aquecimento global a 2ºC até o final do século.

"As decisões adotadas hoje nos colocarão em um caminho de trabalho para Paris ou nos condenarão a um futuro perigoso", disse à AFP Jan Kowalzig, assessor de políticas da Oxfam.

A mudança climática pelo aquecimento da terra e dos mares provoca fenômenos extremos, como derretimento de geleiras, enchentes, tempestades violentas, inundações e secas em diferentes áreas do mundo, onde impactam de maneira trágica as populações mais vulneráveis.

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"Tenho uma sensação de otimismo e vejo que é o momento para a ação", declarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, depois de se reunir nesta sexta-feira no palácio de governo com o presidente peruano, Ollanta Humala.

Princípio de diferenciação

As divergências de última hora envolvem a maneira de se interpretar o princípio de "diferenciação" sobre as responsabilidades que correspondem a cada país na mudança climática.

Os países em desenvolvimento defendem a ideia de que as nações ricas são as principais responsáveis pelo aquecimento global e, diante disto, devem assumir maiores responsabilidades.

Mas os países industrializados afirmam que os gigantes emergentes --como China e Índia-- também devem fazer grandes esforços devido ao fato de que suas indústrias --baseadas na energia do carvão-- são altamente poluentes.

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Os Estados Unidos planejam reduzir, até 2025, suas emissões de carbono em entre 26% e 28%, em relação aos níveis de 2005.

A China também se comprometeu, pela primeira vez, a limitar suas emissões, como fez a União Europeia.

Na quinta-feira (11), o secretário americano de Estado, John Kerry, exortou as nações menos desenvolvidas a reduzir o uso de combustíveis fósseis, estimando que estes países também devem fazer sua parte.

"Sei que as discussões podem gerar tensão e são difíceis, mas devemos recordar que hoje mais da metade das emissões globais procede dos países em desenvolvimento. Assim, é imperativo que eles também ajam".

De acordo com o Programa do Meio Ambiente da ONU, os países desenvolvidos reduziram entre 51,8% e 40,9% sua incidência global de emissões, enquanto as nações em desenvolvimento elevaram sua participação em entre 48,2% e 59,1% no período 2000-2010.

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Contribuições

As nações em desenvolvimento exigem ainda que a lista de compromissos exceda a redução de emissões de carbono.

A responsabilidade por décadas de poluição devido à industrialização deve incorporar promessas de ajuda financeira às nações pobres cujas populações sofreram ou sofrem com os impactos da mudança climática.

Mas o rascunho do texto discutido entre as delegações traz referências ao financiamento "muito vagas", disse à AFP Tasneem Essop, da organização WWF.

As estimativas dos cientistas advertem que com o atual nível de emissões de carbono as temperaturas aumentariam no fim do século 4ºC, provocando fenômenos climáticos extremos que ameaçam a segurança do planeta.

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