O presidente da Síria, Bashar Assad, disse em uma entrevista concedida neste domingo que os ataques aéreos russos contra “terroristas” em seu país precisam ser bem sucedidos, ou toda a região será destruída. Ele ainda acusou os países do ocidente de piorarem a crise de refugiados.
Assad concedeu entrevista para a rede de TV Khabar, do Irã, e fez seus primeiros comentários sobre a ofensiva aérea lançada pela Rússia conta vários grupos na Síria, na última quarta-feira. Assad criticou os países ocidentais, acusando-os de alimentar o terrorismo ao apoiar grupos rebeldes, e, mais recentemente, aa crise de refugiados.
“Na realidade, eles são os maiores contribuintes para que a situação chegue a este ponto, ao apoiar o terrorismo e impor um cerco sobre a Síria”, disse ele, em referência aos países ocidentais. “Eles se dizem contra o terrorismo, mas são terroristas em suas políticas impondo um cerco à Síria, e apoiando grupos terroristas”.
Mais de meio milhão de pessoas atravessaram o Mediterrâneo para a Europa este ano, a maioria sírios, mais do que o dobro do número registrado em todo o ano de 2014. Países europeus têm se confrontado com a crise de refugiados, descrita com a pior desde a Segunda Guerra Mundial.
A guerra na Síria está entrando em seu quinto ano, com pelo menos 250 mil pessoas mortas e metade da população pré-guerra. São 4 milhões de refugiados e 8 milhões de pessoas deslocadas internamente.
Neste domingo, quinto dia da campanha aérea, a Rússia divulgou que seus aviões realizaram 20 missões durante o dia, com ataques a posições do Estado Islâmico na província noroeste de Idlib. A província é controlada por uma coalizão rebelde conhecida como Jaish al-Fatah, que inclui a Frente Nusra, mas não o Estado Islâmico (EI). Os bombardeiros atacaram também o campo de treinamento na província de Raqqa, que é controlada pelo grupo EI.
Críticas
Também neste domingo, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, criticou a decisão russa de bombardear outros grupos rebeldes além do EI. No entendimento dos britânicos, a decisão do chefe do Kremlin, Vladimir Putin, de realizar uma ação militar na Síria para apoiar o presidente sírio Bashar al-Assad é um “erro terrível”.
A Rússia começou a atacar alvos na Síria --um aumento dramático do envolvimento estrangeiro na guerra civil que tem sido criticado por alguns como uma tentativa de dar sustentação a Assad, ao invés de sua suposta finalidade de atacar militantes do Estado Islâmico.
“Eles estão apoiando o assassino Assad, o que é um erro terrível para eles e para o mundo”, disse Cameron à BBC no primeiro dia da conferência anual do seu Partido Conservador, na cidade de Manchester, no norte da Inglaterra.
“Isso tornará a região mais instável, levará a uma maior radicalização e aumentar o terrorismo. Eu diria a eles ‘mudem de direção, unam-se a nós no ataque ao EI’.”
A Rússia afirma que está alvejando os militantes da linha dura do Estado Islâmico, mas Cameron questionou essa posição.
“A maioria dos ataques aéreos russos, até onde pudemos ver, tem sido em partes da Síria não controladas pelo EI, mas por outros oponentes do regime”, disse ele.
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