O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, considera “simplesmente irrelevante” o apoio que deu no passado à ideia de um Estado palestino ao lado de Israel, segundo um comunicado divulgado nesta domingo pelo seu partido, o Likud.
“Na situação atual criada no Oriente Médio, qualquer território que evacuemos será tomado pelo Islã radical e pelas organizações terroristas apoiadas pelo Irã”, afirma o comunicado enviado a meios de comunicação locais em nome de Netanyahu e no qual este considera “nulo” o conteúdo de um discurso que fez na Universidade de Bar-Ilan.
Ali, em 2009, o primeiro-ministro falou pela primeira vez em aceitar a criação de um Estado palestino que reconhecesse Israel como “Estado judeu” e que estivesse “desmilitarizado”.
O comunicado do Likud, escrito segundo o jornal “Haaretz” por uma deputada da ala mais nacionalista em nome de Netanyahu, destaca que à luz da atual situação na região “não haverá nenhuma retirada (da Cisjordânia) nem concessões. O assunto é simplesmente irrelevante”.
Segundo o jornal “Jerusalem Post” e o site “The Times of Israel”, com seu comunicado o partido respondeu às consultas feitas hoje por um grupo de jornalistas após a divulgação dessa postura em um panfleto distribuído nas sinagogas.
Esses panfletos geralmente abordam questões religiosas, mas, por ocasião das eleições, foi publicado um resumo das conferências de cada partido.
Na parte correspondente ao Likud se expunha, como resposta oficial do partido, que “toda a biografia política de Netanyahu é uma luta contra o Estado palestino”.
Nem o primeiro-ministro nem nenhum de seus porta-vozes oficiais reagiram ainda às informações divulgadas em seu nome pelo partido, que já geraram as primeiras críticas da oposição.
“Aí está! Para aqueles que ainda tinham dúvidas. Aqui está a verdade sobre nosso primeiro-ministro. Isto é o que verdadeiramente pensa da solução de dois Estados”, escreveu em sua página de Facebook o dirigente da frente pacifista Meretz, Zehava Galón.
O comunicado é divulgado também após a publicação na sexta-feira pelo jornal “Yedioth Ahronoth” de um documento negociado em 2013 por enviados de Netanyahu e do presidente palestino, Mahmoud Abbas, segundo o qual Israel teria aceitado as fronteiras de 1967 como base de qualquer negociação, apesar do primeiro-ministro o negar categoricamente.
Por temor a um dano eleitoral, destacados representantes e porta-vozes do Likud insistem há dois dias em negar a existência do documento, cuja redação atribuem à Secretaria de Estado dos Estados Unidos sem o conhecimento de Israel.