Belém - O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pediu ontem a membros de seu Fatah que deem uma chance às negociações de paz com Israel. Abbas falou durante a primeira convenção do Fatah em duas décadas, em um contexto de rivalidades internas e envelhecimento das lideranças do movimento.
Abbas espera receber apoio formal às suas políticas do Fatah, o que lhe daria força diante dos rivais do grupo militante islâmico Hamas e o conservador primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Muitos dos quase 2 mil delegados parecem prontos a apoiar Abbas, já que o programa político proposto é vago o suficiente para abarcar mesmo os linhas-duras. A "luta armada" contra Israel, antes um dos pilares do Fatah, não foi formalmente descartada como opção, mas a ênfase agora recai sobre as negociações e a desobediência civil.
O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, disse que o programa do Fatah importa menos do que as ações do grupo. "O teste será após a conferência, quando uma liderança com legitimidade apropriada for escolhida", afirmou Barak ontem, "e então veremos o que essa liderança trará à mesa de negociação".
As eleições das lideranças do Fatah ocorrem amanhã. O posto de Abbas como líder do partido não está em jogo, mas centenas de membros disputam 140 vagas em órgãos da liderança da sigla.
Não se acredita, porém, que a votação possa produzir uma mudança drástica vista como necessária para limpar a imagem de corrupção do Fatah e tornar o partido mais competitivo diante do disciplinado Hamas. Apenas um quarto dos delegados é eleito pelos membros em geral do partido, enquanto o restante é apontado por Abbas e um pequeno comitê.
Aproximadamente 400 delegados da Faixa de Gaza não puderam comparecer, impedidos de viajar pelo Hamas, que controla a área. O Hamas tomou controle de Gaza em 2007, expulsando as forças leais ao Fatah. Um acordo de unidade palestina é visto como passo crucial para qualquer acordo de paz com Israel.
Ontem, Abbas culpou o Hamas pelo sofrimento de Gaza. O território de 1,4 milhão de palestinos sofre com um bloqueio israelense e egípcio desde a tomada de poder pelo Hamas.