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O presidente da França, Emmanuel Macron, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discutiram nesta sexta-feira (10) a situação política na Venezuela, após a posse ilegítima do ditador Nicolás Maduro para um terceiro mandato consecutivo – ação viabilizada pela fraude eleitoral de 2024.
Segundo informações de agências internacionais, durante uma conversa telefônica, que o Palácio do Planalto disse que durou aproximadamente 30 minutos, os dois líderes pediram que Maduro retome o diálogo com a oposição venezuelana – vencedora de fato das eleições e alvo de repressão e perseguição por parte do chavismo.
"A França e o Brasil estão dispostos a facilitar a retomada do diálogo, com o objetivo de permitir o retorno da democracia e da estabilidade na Venezuela", informou uma nota da presidência francesa, indicando ainda que ambos os presidentes reforçaram a importância de libertar imediatamente todas as pessoas detidas por suas opiniões políticas ou por seu engajamento com a oposição.
“Todas as pessoas detidas devido às suas opiniões ou compromissos políticos devem ser libertadas imediatamente”, cita a nota.
Maduro foi proclamado vencedor das eleições de 28 de julho de 2024 com 52% dos votos, segundo o chavista Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que nunca apresentou as atas que confirmam seus resultados.
A oposição venezuelana, liderada pelo presidente eleito Edmundo González Urrutia e pela líder opositora María Corina Machado, afirma que os resultados foram manipulados e apresentou provas que, segundo seus representantes, confirmam a vitória de González com mais de 67% dos votos. Desde o fim do processo eleitoral, protestos contra os resultados fraudulentos de Maduro têm sido fortemente reprimidos e diversos opositores estão sendo sequestrados e presos. María Corina foi uma das vítimas nesta quinta-feira (9), apesar de ter sido liberada posteriormente. Por sua vez, González teve que deixar o país. Lula não se pronunciou oficialmente sobre a posse do ditador.
Nesta quinta-feira, a presidência francesa informou em nota que Macron tinha conversado com González e María Corina por meio de uma chamada telefônica, onde reafirmou o apoio da França ao povo venezuelano e defendeu o direito à manifestação pacífica e à reunião livre. “A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada, assim como seu direito de se reunir e protestar pacificamente”, declarou o presidente francês.
Posição sobre a Meta
Ainda durante a conversa, o Palácio do Planalto informou que Lula e Macron também abordaram a decisão recente da Meta de substituir os verificadores de fatos pelas Notas da Comunidade, ferramenta adotada pelo X de Elon Musk, onde os próprios usuários adicionam informações sobre notícias inverídicas.
Segundo o Planalto, Lula elogiou a postura do governo francês em relação ao tema.
“O presidente Lula elogiou as manifestações do governo francês sobre a recente decisão da Meta de reduzir a checagem de fatos de suas publicações. Eles concordaram que liberdade de expressão não significa liberdade de espalhar mentiras, preconceitos e ofensas. Ambos consideraram positivo que Brasil e Europa sigam trabalhando juntos para impedir que a disseminação de ‘fake news’ coloque em risco a soberania dos países, a democracia e os direitos fundamentais de seus cidadãos”, diz a nota.
O planalto também disse que Macron “renovou o convite a Lula” para uma visita à França em junho e “para participar da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos”.