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Estudantes acendem velas na Universidade de Havana, capital de Cuba | YAMIL LAGE/AFP
Estudantes acendem velas na Universidade de Havana, capital de Cuba| Foto: YAMIL LAGE/AFP

Cuba se prepara neste domingo (27) para uma semana de cerimônias e uma procissão por toda a ilha para se despedir de Fidel Castro, líder da Revolução Cubana. Os funerais do Comandante, personagem único que moldou a identidade da ilha e se tornou um dos símbolos do século XX, se estenderão até o próximo domingo (4), quando suas cinzas serão enterradas em Santiago de Cuba, berço do movimento revolucionário que o levou ao poder em 1959.

A passagem das cinzas de Havana a Santiago, a 900 quilômetros de distância, levará quatro dias e tem tudo para se tornar uma mobilização maciça de milhões de cubanos. “Foi um grande líder. Deveriam decretar 30 dias de luto”, disse Andy Lores, açougueiro de um bairro popular de Havana.

Este domingo se anuncia calmo em toda a ilha e não há manifestação oficial prevista.

A primeira cerimônia fúnebre será na segunda-feira (28) na emblemática Praça da Revolução de Havana, cujo acesso começou a ser controlado no sábado pela polícia.

Pequenos grupos se reuniram no sábado no local e nas ruas de Havana, especialmente nos arredores e nas universidades, inclusive à frente da faculdade frequentada por Fidel na década de 1940.

O luto nacional obrigatório suspende qualquer reunião ou espetáculo na ilha. As partidas de beisebol, uma paixão nacional, foram canceladas e a venda de álcool proibida. Os restaurantes trabalham em um horário mais curto que o habitual.

A imprensa nacional, controlada pelo governo, passou o dia mostrando reportagens, documentários e debates em homenagem ao “companheiro Fidel”

Cremação em sigilo

Muitos dos 11 milhões de habitantes da ilha não esconderam seu pesar pela morte do líder que durante quase meio século controlou o país e enfrentou os Estados Unidos. Não foi raro cruzar em Havana com alguma pessoa com os olhos vermelhos de emoção.

Apesar de ter governado com mão de ferro, sufocando toda forma de oposição, Fidel Castro continua sendo respeitado mesmo 10 anos depois de ter entregue o poder a seu irmão Raúl.

“Queria que ele vivesse mais 30 anos, mas ninguém pode vencer o destino”, disse à AFP Guillermo Suárez, pedreiro de Havana de 52 anos.

A morte de Fidel foi anunciada pelo presidente Raúl Castro, sem que a causa fosse revelada. Irmão mais novo de Fidel, Raúl disse que seu corpo seria cremado no sábado. Nenhuma fonte oficial confirmou, contudo, que a cremação já tenha sido feita.

Fidel Castro passou o poder a Raúl em 2006 após uma hemorragia intestinal. Entre fevereiro de 2014 e abril de 2015 sumiu totalmente de cena, alimentando rumores sobre seu estado de saúde.

No entanto, apesar dos movimentos limitados, há um ano e meio Fidel voltou a receber personalidades e mandatários estrangeiros.

À sombra de seu irmão, Raúl Castro implementou um lento processo de reformas para evitar a quebra de Cuba. Entre as medidas tomadas autorizou empreendimentos privados e investimento estrangeiro.

“O socialismo sobreviveu à longa doença de Fidel Castro e certamente continuará depois de sua morte”, estimou Jorge Duany, diretor de um instituto de pesquisa sobre Cuba da Universidade Internacional da Flórida. O pesquisador acredita, entretanto, que as reformas econômicas na ilha serão aceleradas a partir de agora.

“Certamente teremos que esperar a retirada de Raúl, anunciada para 2018, para analisar com maior clareza se haverá mudanças substanciais na cúpula do Estado”, acrescentou.

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