Lula e Raúl Castro, em Havana: críticas ao embargo dos Estados Unidos e acordo para exploração de petróleo| Foto: Adalberto Roque/Reuters

Visita

Encontro com Fidel dura duas horas

Havana - O último compromisso de Lula em Havana foi um encontro, não previsto na agenda oficial, com o ex-presidente cubano Fidel Castro. Em entrevista coletiva, antes de embarcar de volta ao Brasil, Lula disse que conversou com Fidel por duas horas. O presidente relatou que, apesar de Fidel estar doente, depois de meia hora de conversa, pôde constatar a clareza e o raciocínio lógico do ex-presidente. "Quando cheguei, disse ao Fidel que ele parecia abatido. Depois de meia hora de conversa, achei que eu é quem estava doente e ele estava bem ", disse. Durante o encontro, que foi reservado, os dois conversaram sobre a crise financeira internacional e, segundo Lula, concordaram que os povos dos países emergentes e pobres não podem pagar por uma crise que "começou nos Estados Unidos, cresceu nos EUA, se consolidou lá e estourou lá".

Agência Estado

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Havana - Em evento ao lado do presidente cubano Raúl Castro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou ontem o embargo dos Estados Unidos aos produtos da ilha comunista, em vigor desde a década de 1960. O brasileiro lembrou que recentemente a Organização das Nações Unidas (ONU) rejeitou o embargo com apenas três votos contrários.

"Certamente não muda nada. Já estamos habituados a ver que as decisões da ONU são cumpridas apenas quando interessa aos grandes e não quando interessa aos pequenos", afirmou.

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Lula disse esperar que, com as eleições nos Estados Unidos, quem for eleito presidente da República tome uma decisão no sentido de acabar com o embargo, que, na sua opinião, é "inexplicável e inaceitável".

"A única explicação para o bloqueio é a insensiblidade ou apenas interesses político-eleitorais. Converso com autoridades americanas e pergunto a razão do bloqueio, mas não há nenhuma explicação", disse.

Petróleo

Animado com a assinatura de um contrato entre a Petrobras e a petrolífera Cupet, Lula revelou ao presidente cubano, Raúl Castro, que gostaria de tomar um banho de petróleo. Ele contou ainda que ficou emocionado quando esteve no Espírito Santo, no campo de Jubarte, e tocou no petróleo que estava antes a 4.375 metros de profundidade. Lula disse que pretende fazer o mesmo em março de 2009 no campo de Tupi, onde o óleo mineral se encontra a 7.000 metros.

"Tenho vontade de tomar um banho de petróleo, mas o (José Sérgio) Gabrielli (presidente da Petrobras) disse que eu não posso, que é preciso tirar algumas substâncias químicas", brincou. O acordo entre a Petrobras e a Cupet prevê a exploração e a produção de petróleo no mar do país caribenho, no Bloco 37. Segundo a Petrobras, o contrato de partilha terá 32 anos de duração, sendo sete para exploração e 25 para produção. Estão previstos gastos de US$ 8 milhões para buscar petróleo na região.

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A área em que será feita a prospecção fica na região de Varadero (Norte de Cuba), tem extensão de 1.600 quilômetros quadrados e fica entre 3 km e 12 km de distância da costa cubana, com profundidade entre 500 metros e 1.600 metros. O bloco está localizado próximo às principais áreas de petróleo em terra do país. A fase de exploração prevê quatro períodos de duração média de 18 a 24 meses. Ao fim de cada período, a Petrobras reavaliará sua permanência no negócio. Em caso de descoberta de reservas, a Cupet terá a opção de participar, desde que pague pelos investimentos passados e futuros da estatal brasileira, entrando assim em um regime de produção partilhada.

O contrato é resultado de um convênio assinado em janeiro deste ano por Lula e Raúl Castro durante visita do presidente brasileiro a Havana.