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Foz do Iguaçu

Em despedida do Mercosul, Lula defende identidade regional

Em discurso de despedida na Cúpula Social do Mercosul, na noite desta quinta-feira (16) em Foz do Iguaçu (PR), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exortou os movimentos sociais e os membros do bloco a avançarem nas conquistas e falou numa "identidade mercosulina".

"Nessa última reunião de que participo com vocês sendo presidente da República do Brasil, eu saio satisfeito. Quero dizer pra vocês do meu carinho, do meu agradecimento, porque vamos continuar no caminho. Eu certamente em outro momento estarei reunido com vocês. Prometo nunca falar mal dos meus companheiros, nem fazer pauta de reivindicação exagerada. Serei muito comedido", brincou.

Lula encerra seus oito anos de mandato no dia 31 de dezembro. No dia seguinte, ele transmitirá o cargo à petista Dilma Rousseff. "Ela vai ser igual ou melhor do que qualquer um de nós aqui porque ela tem na sua origem o sonho de conquista da democracia", afirmou.

A presidente eleita cancelou a participação na cúpula alegando compromissos com a montagem da equipe de governo.

A Cúpula Social foi encerrada em Itaipu na noite desta quinta. Após a cerimônia, os chefes de Estado presentes participariam de um jantar. Na manhã desta sexta (17) será realizada a Cúpula dos Presidentes, com chefes de Estado dos países membros do bloco – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – e de países associados.

Antecipando-se a críticas, Lula usou metáforas para passar a mensagem de que os problemas e os resultados devem ser analisados sob o ponto de vista da situação em que o bloco se encontrava há dez anos, quando, segundo ele, os presidentes de países da América do Sul disputavam entre si quem era mais próximo dos Estados Unidos ou quem seria convidado a ir a Camp David (casa de campo do presidente dos Estados Unidos).

"Tem muitas críticas, mas é importante saber onde a gente estava e aonde a gente chegou. É como se você estivesse nadando, estivesse um pouquinho acima da metade do rio, sentisse cansaço e pensasse em voltar. Nós não temos o direito de voltar. Temos que seguir em frente, construindo um extraordinário Mercosul. Do fundo do meu coração, muito obrigado por tudo que vocês nos ensinaram a fazer", disse, dirigindo-se aos representantes de movimentos sociais.

O presidente enumerou as conquistas do Brasil na presidência temporária à frente do bloco, exercida neste segundo semestre, como um acordo sobre as bancadas nacionais no Parlamento do Mercosul, o que, segundo ele, permitirá a eleição direta de representantes dos países no Poder Legislativo do bloco. Em seguida, disse que é preciso fomentar uma "identidade mercosulina" e brincou com a palavra.

"Provocaremos uma revolução na mentalidade e percepção dos cidadãos sobre o significado do Mercosul. Fomentaremos o debate de ideias além de firmar uma identidade regional mercosulina no imaginário coletivo de nossa sociedade. Gente, vocês não vão bater palma para a palavra mercosulina? Foi um trabalho grande pra encontrar a marca registrada pra nós aqui. E vocês não perceberam? Vocês pensaram que era insulina?", disse, sendo aplaudido.

O presidente destacou ainda a situação econômica e política "privilegiada" do bloco. Citou estimativas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) de que as taxas de crescimento na América do Sul devem variar de 7,7%, para o Brasil, até 9,7%, para o Paraguai, e destacou que isso ocorre enquanto "os países do chamado mundo desenvolvido sofrem com baixo crescimento econômico e índices de desemprego elevado".

Depois, disse que o continente alcançou alto nível de maturidade e chegou a uma relação política entre seus membros "quase invejável". Segundo o presidente, falta agora criar mecanismos de soluções de controvérsias entre os países.

"Aqui não falamos em bomba nuclear, aqui não falamos em guerra. Aqui, quando muito, temos uma greve, mas as greves fazem parte da democracia", disse.

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