No seu primeiro discurso no debate de chefes de Estado da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente do Chile, Gabriel Boric, que assumiu o cargo em março deste ano, negou que a rejeição à proposta de uma nova Constituição para o país tenha sido uma derrota do seu governo.
No início do mês, 62% dos chilenos votaram em referendo para recusar um novo texto para a Carta Magna. A proposta, considerada radical por muitos, havia sido elaborada por uma assembleia constituinte de maioria progressista, eleita após os protestos contra o presidente de centro-direita Sebastián Piñera entre 2019 e 2020.
Em Nova Iorque, nesta terça-feira (20), Boric disse que está em discussão um novo processo constituinte e definiu o Chile atual “como um país em busca de novas fórmulas para construir esse ponto de encontro para todos os chilenos”.
“Minha opção pessoal neste referendo era aprovar a proposta de uma nova Constituição, mas o resultado foi o contrário. Alguns viram o resultado do referendo como uma derrota para o governo. Com toda humildade, eu lhes digo: um governo nunca pode se sentir derrotado quando o povo fala. Na democracia, a palavra popular é soberana e guia para todos os governos”, argumentou o presidente esquerdista.
“Diferentemente do passado, quando as diferenças no Chile eram resolvidas a sangue e fogo, hoje nós, chilenos, concordamos em enfrentar nossos desafios democraticamente”, acrescentou Boric.
O presidente chileno afirmou que um dos principais desafios do mundo hoje é “justamente o de construir democracias que realmente falem com os cidadãos e os escutem”.
“A reivindicação que os cidadãos fazem com força crescente pelas chamadas democracias liberais representativas não pode ser subestimada, mas deve ser enfrentada com mais democracia, nunca com menos”, apontou.