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A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola informou nesta quinta-feira (25) que o partido governista Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que está no poder desde o final da guerra de independência contra Portugal, em 1975, garantiu maioria nas eleições gerais realizadas na quarta-feira (24).
Segundo a CNE, com 97,3% dos votos apurados, o MPLA obteve 51,7% dos votos, com o principal partido de oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), alcançando 44,5%.
Mais cedo, a Unita havia apontado que deve contestar o resultado: seu candidato a vice-presidente da República, Abel Chivukuvuku, questionou os primeiros dados que apontavam vantagem do MPLA durante entrevista coletiva em Luanda, na qual afirmou que os números do seu partido mostravam “uma tendência para a Unita vencer em todo o país”.
Sobre os números da CNE, o ex-deputado da Unita destacou que “estes indicadores não são fiáveis e todos os jornalistas são convidados a acompanhar as atas que são publicadas nas redes sociais, que dão um indicador claro e inequívoco da vantagem da Unita”.
Questionado se, caso o resultado final desse a vitória ao MLPA, a Unita encorajaria protestos, Chivukuvuku respondeu que “ninguém está interessado em distúrbios”.
O MPLA, de raízes marxistas, lutou ao lado da Unita na guerra da independência de Angola, mas depois os dois grupos romperam e se enfrentaram numa guerra civil que durou até 2002, na qual o partido governista recebeu apoio da União Soviética e de seus aliados, como Cuba, e a Unita foi ajudada pelos Estados Unidos e pela África do Sul ainda no período do apartheid.
Em meio às disputas pelo poder, à incompetência do Estado e à corrupção, o povo de Angola sofre: a lista mais recente de desenvolvimento humano da ONU, de 2019, colocou o país africano na 148ª posição entre 189 nações, piorando quatro posições em relação a 2014.