Pessoas prestam homenagem aos mortos em um tiroteio em El Paso, Texas, em 4 de agosto| Foto: MARK RALSTON/AFP

Eles tinham acabado de deixar sua filha mais velha no treino de líderes de torcida quando entraram no estacionamento do Walmart, em El Paso, junto com centenas de pais que iam ao mercado para fazer as compras de volta às aulas, assim como eles. Jordan e André Anchondo pegaram seu bebê, Paul, de 2 meses, e foram para dentro da loja.

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Era um dia agitado para os Anchondos. A filha deles estava completando 6 anos, então eles também precisavam comprar decorações para sua festa de aniversário. Em poucas horas, familiares e amigos iriam se encontrar pela primeira vez na nova casa do casal, contou o irmão de André, Tito Anchondo, ao Washington Post.

Mas então ocorreu o tiroteio, e o silêncio de Jordan e André. E, horas depois, veio o telefonema que Tito Anchondo mais temia: das autoridades, pedindo-lhe que fosse ao hospital.

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Jordan, de 24 anos, e André, de 23 anos, estavam entre as 20 pessoas mortas no tiroteio de sábado (3) em uma loja do Walmart em El Paso, no Texas. Tito e outros membros da família disseram acreditar que André morreu tentando proteger sua esposa e filho do tiroteio. A irmã de Jordan, Leta Jamrowski, disse à Associated Press que, com base nos ferimentos do bebê, Jordan morreu protegendo seu filho.

"Ele praticamente viveu porque ela deu a vida", disse Jamrowski, de 19 anos, à AP. Jordan estava segurando-o nos braços quando morreu, contou Jamrowski. Ela caiu sobre ele quando desabou no chão, quebrando alguns de seus ossos, mas mantendo-o vivo.

A tia de Jordan, Elizabeth Terry, disse à CNN que quando o bebê foi "puxado de debaixo do corpo", o sangue de sua mãe ainda estava sobre ele. Paul teve apenas os dedos quebrados e agora está em casa se recuperando.

"Como os pais vão às compras escolares e depois morrem protegendo seu bebê de tiros?", Terry se perguntou.

Uma família destruída

Jordan e André tinham acabado de celebrar seu aniversário de um ano de casamento, segundo Tito. No último ano, os recém-casados ​​deram as boas-vindas ao novo filho, e André largou a oficina de carros da família para abrir seu próprio negócio, de venda de mármores e pedras. Ele próprio construiu a casa da família, disse Tito.

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Finalmente tudo parecia estar indo bem para a família. Jordan era dona de casa e cuidava de Paul, uma filha de um ano e outra que completaria seis naquele dia trágico. As filhas de Jordan eram de relacionamentos anteriores, segundo Tito.

"Ela era seu sistema de apoio", disse Tito. "Quando ele conheceu Jordan, isso lhe deu mais motivos para seguir sua vida. Ele colocou sua vida em ordem".

As famílias Anchondo e Jamrowski passaram o sábado inteiro de luto por Jordan, mas esperando que os filhos do casal ainda pudessem contar com André. Mas quando eles chegaram ao hospital para identificar o corpo de Jordan, disse Tito, André não estava em lugar nenhum. Horas e horas se passaram, e eles ainda não tinham ouvido falar dele. Foi só no domingo à noite que a família ficou sabendo que André também havia morrido.

Monique Terry, prima de Jordan, disse ao The Guardian que os filhos do casal, em especial a mais velha, que aguardava a festa de seu sexto aniversário, não entenderam o que estava acontecendo . "A mais velha continua pedindo pela mãe e pelo pai dela", contou.

Dois tiroteios em massa em 13 horas

O tiroteio em massa em El Paso foi o primeiro de dois que ocorreram nos Estados Unidos em um intervalo de 13 horas neste fim de semana. O segundo ocorreu quando um atirador, identificado como Connor Betts, 24 anos, abriu fogo em Dayton, Ohio, e matou nove pessoas, incluindo sua irmã, antes de ser morto a tiros pelas autoridades. O criminoso acusado pelo massacre em El Paso, Patrick Crusius, de 21 anos, foi preso e levado sob custódia e deve enfrentar a pena de morte no tribunal estadual, enquanto promotores federais também estão julgando acusações de crimes de ódio.

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John F. Bash, promotor no Distrito Oeste do Texas, disse que o caso está sendo tratado como terrorismo doméstico. Um manifesto que as autoridades acreditam que Crusius postou em um fórum na internet inclui ataques contra imigrantes latinos e reivindicações de uma "invasão hispânica".