O presidente da França, François Hollande, disse nesta sexta-feira (18) ao seu colega norte-americano, Barack Obama, que manterá sua promessa de retirar as tropas francesas do Afeganistão até o fim do ano, na única divergência relevante em um cordial primeiro encontro entre ambos. "Lembrei ao presidente Obama que fiz uma promessa ao povo francês no sentido de que nossas tropas de combate serão retiradas do Afeganistão até o final de 2012", disse Hollande após a reunião no Salão Oval da Casa Branca. "Dito isso, continuaremos apoiando o Afeganistão de outra forma." A declaração não causou surpresa, mas é um sinal das dificuldades que Obama enfrentará para manter a coesão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no momento em que ele tenta traçar uma rota gradual para desocupar o Afeganistão. A aliança militar decidiu há dois anos que 2014 seria o prazo máximo para a retirada da maior parte das tropas de combate. A guerra do Afeganistão será o principal tema da cúpula da Otan no domingo e segunda-feira em Chicago, base eleitoral de Obama. Os Estados Unidos poderão usar a cúpula para tentar convencer a França a rever seu cronograma. A retirada das tropas do Afeganistão é uma promessa popular entre os franceses, mas funcionários do Ministério da Defesa do país dizem que ela pode ser complicada de cumprir sem colocar os soldados em risco. Apesar da divergência sobre o Afeganistão, Obama e Hollande demonstraram empatia imediata, e, discutindo o outro grande tema da atualidade -a saúde da economia global-, eles concordaram que a austeridade orçamentária não é o único remédio para a crise econômica europeia. A reunião também teve piadas sobre cheeseburgers e sobre o antigo hábito de Hollande de ir trabalhar de "scooter".
Opinião O presidente norte-americano disse que queria saber a opinião do colega francês sobre os sanduíches de Chicago. "Também alertei a ele que como presidente ele não pode mais andar de 'scooter' em Paris", disse Obama, que pareceu deixar de lado o tom profissional que geralmente adota em reuniões bilaterais. Depois da cúpula da Otan, Obama será o anfitrião de uma reunião do G8 (que reúne oito grandes economias industriais), em que a chanceler alemã, Angela Merkel, deverá tentar enfatizar a necessidade de austeridade nos governos europeus, contrariando a posição de Hollande e Obama, que propõem mais medidas de estímulo ao crescimento.