O editor-chefe do site WikiLeaks, Julian Assange, agradeceu em entrevista publicada, na segunda-feira (20), pelo jornal El País o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o período em que esteve preso. O australiano de 39 anos disse que, enquanto esteve preso na Grã-Bretanha, recebeu apoio "em escala mundial, especialmente na América do Sul e na Austrália".
O repórter do El País, Joseba Elola, citou o presidente Lula como um dos apoiadores de Assange, levando-o a concordar com o nome. Para Assange, porém, Lula "é um caso especial, porque se aposentou". Lula entrega o cargo em 1º de janeiro para sua sucessora, Dilma Rousseff. Na opinião de Assange, a posição de Lula, prestes a deixar o poder, permite que ele seja "mais direto do que teria sido", pois ele "não tem que render nenhuma cortesia aos Estados Unidos".
O WikiLeaks é um site especializado em vazar documentos confidenciais. Desde o mês passado, vem divulgando um lote de cerca de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA, o que tem gerado críticas de Washington. Assange se entregou à polícia britânica pois era procurado por crimes sexuais na Suécia. Após alguns dias na prisão, obteve na semana passada direito à fiança. Ele garantiu que nunca fez sexo com uma mulher sem consentimento dela.
Na entrevista ao diário espanhol, Assange diz receber várias ameaças de morte. "A maioria parece vir dos membros das Forças Armadas norte-americanas", disse ele. Além de contar sobre sua rotina na prisão britânica, que incluía exercícios e a redação de análises sobre o WikiLeaks, Assange revelou que sua leitura nesses dias de encarceramento foi "Pavilhão de Cancerosos", do Nobel de Literatura Alexander Soljenítsin, cuja obra mais famosa é "Arquipélago Gulag", uma denúncia dos campos de trabalho da União Soviética.
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