Paris – Al Gore, o ex-vice-presidente americano, esteve em Paris, onde foi recebido pela Assembléia Nacional francesa. Por quê? Para apressar o retorno dos democratas à cena política? Para fragilizar o presidente George W. Bush? Não. O que Al Gore veio fazer é bem mais simples: ele veio "salvar o planeta!" Para realizar essa missão, ele tem uma arma, um filme: "Uma verdade incômoda", realizado por Davis Guggenheim, tendo Al Gore como herói. É ele quem comenta as imagens desse filme mostrando as conseqüências do aquecimento global caso a comunidade mundial se obstine em permanecer inerte em face desse flagelo com cheiro de Apocalipse: o aumento da temperatura global.

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As imagens são aterrorizantes: a Flórida debaixo do oceano; milhões de homens em fuga pela subida das águas; a debacle dos animais; o desaparecimento de florestas; o nível do mar subindo 20 metros; o triunfo dos desertos aqui, dos pântanos alhures. O horror.

Claro, o filme de Gore tem intenções políticas também: de um lado, ele é a glória de Al Gore, o "salvador do planeta". De outro, ante o caráter trágico de suas imagens, ficamos estarrecidos com a obstinação de George W. Bush. Recordemos: o Protocolo de Kyoto, assinado por Clinton em 1997, foi submetido à ratificação de Bush em 2001. E o que fez Bush? Recusou-se a ratificá-lo. Para os ecologistas, isso é um desastre porque os EUA são os maiores emissores de gases causadores do efeito estufa do mundo.

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Além disso, hoje já se tem consciência de que os objetivos de Kyoto (que nem mesmo se conseguiu respeitar) eram muito insuficientes.

É preciso interpretar também a presença de Al Gore e seu filme na óptica da política americana. Não é espantoso que seja um americano, Al Gore, que venha a Paris pregar a redução do CO2 quando o presidente americano é considerado o grande culpado? A verdade é que a voz de Al Gore não é única nos EUA. O governador deste estado super- poluente que é a Califórnia, Arnold Schwarzenegger (republicano) assumiu a luta contra o gás carbônico. E o governador da Califórnia não está sozinho: 294 prefeitos de grandes cidades americanas, representando 50 milhões de habitantes, assinaram um acordo para aplicar o Protocolo de Kyoto.