O candidato Daniel Scioli (FPV) saiu ao ataque em seu encerramento de campanha, nesta quinta-feira (19), em La Matanza, na província de Buenos Aires.
O governista pediu a união dos peronistas “apesar das diferenças que tivemos”, referindo-se à cisão entre kirchneristas e peronistas de outras correntes, para enfrentar no domingo (22) o opositor, Mauricio Macri, “que fez pacto com o diabo, com o FMI e com os fundos-abutre”.
Num ginásio poliesportivo do departamento que é considerado “a capital do peronismo”, Scioli fez um discurso agressivo com relação ao oponente, que está à sua frente nas pesquisas. Compareceram militantes e moradores da área e de outros departamentos da região.
“O que o outro candidato propõe é um roubo, um ajuste que vai custar empregos e benefícios, tudo o que conquistamos. Representa o capitalismo selvagem, um passado a que não queremos voltar”, afirmou, acrescentando que o nome da aliança opositora e seu slogan de campanha (“mudemos”) é um engano. “O que significa a mudança? A mudança deles é um roubo. Nós já vimos isso”, referindo-se à crise de 2001.
Mais de uma vez, Scioli citou o general Perón (1895-1974) e disse ser, como peronista, o único candidato preocupado em “defender a justiça social e o emprego”.
Pediu que os argentinos não se esqueçam das conquistas dos últimos anos, apesar de não mencionar o nome da presidente Cristina Kirchner, com quem tem diferenças. Elogiou, porém, seu antecessor, Néstor, de quem foi vice-presidente, e sua política de resistir ao avanço do “capitalismo selvagem”.
Havia representantes de vários grupos de militância, inclusive kirchneristas. Entre os gritos de guerra, estava o de “Pátria sim, Macri não”, que se popularizou entre os sciolistas nas últimas semanas.
Papa Francisco
Scioli mencionou, mais uma vez, o papa Francisco, cuja declaração hoje sobre “votar com consciência” foi interpretada como um apoio ao candidato da Frente para a Vitória.
“O papa Francisco é um homem admirado no mundo todo e que defende o mesmo que eu: terra, teto e trabalho.”
Atacou, ainda, o assessor de Macri, Duran Barba, que disse que o que o papa dizia não o importava, “porque ele não arrasta mais do que dez votos”.
Elevando o tom de voz, Scioli perguntou à multidão: “É ou não é um desrespeito?”. A resposta foi calorosa, com aplausos e gritos de “se sente, se sente, Scioli presidente”.