O papa Bento 16 disse numa missa na Inglaterra neste domingo (19) que o mundo sente "vergonha e horror" do sofrimento causado pelos alemães na Segunda Guerra Mundial. Ele também lembrou uma importante batalha que impediu a invasão da Inglaterra.
Na mesma missa num parque na região central da Grã-Bretanha onde o papa falou da guerra, ele beatificou o cardeal John Henry Newman, um dos mais famosos padres a se converter do anglicanismo para o catolicismo.
Mas em seu sermão, no último dia de uma visita que começou na quinta-feira, diante de uma multidão de 50 mil pessoas assistindo a uma missa a céu aberto sob uma garoa intermitente, ele falou primeiro da guerra.
No domingo a Inglaterra comemorou o 70o aniversário da Batalha da Bretanha, o conflito que durou quase meio ano e que impediu que Hitler invadisse a Inglaterra.
"Para mim, como alguém que viveu e sofreu os dias obscuros do regime nazista na Alemanha, é muito tocante estar aqui com vocês nesta ocasião e relembrar quantos dos nossos conterrâneos sacrificaram suas vidas resistindo corajosamente às forças daquela ideologia do mal", disse ele.
"Setenta anos mais tarde, relembramos com vergonha o horroroso custo de mortes e destruição que a guerra traz em seu caminho e renovamos nossa decisão de trabalhar pela paz e a reconciliação onde quer que o conflito espreite", disse ele.
Durante o começo da década de 1940, quando o alistamento era obrigatório, o jovem Joseph Ratzinger foi durante um breve período um membro da Juventude de Hitler. Durante a guerra, ele foi encarregado de uma bateria anti-aviões na Bavária e depois enviado à Áustria.
Depois de retornar à Bavária, ele desertou. No fim da Segunda Guerra, ele foi um prisioneiro de guerra dos Estados Unidos. O papa tem dito que como católicos devotos, seus pais sempre rejeitaram a ideologia nazista.
Domingo foi o momento central de toda a viagem, quando ele colocou Newman, que é venerado tanto na Igreja Católica como na Anglicana, um passo mais próximo de tornar-se um santo.
Conversão importante
Newman, que viveu de 1801 a 1890 e tornou-se um católico em 1845, foi figura central no Movimento de Oxford, que tentou reaproximar a Igreja Anglicana de Roma.
Em sua homenagem, o papa elogiou Newman, um importante teólogo e escritor prolífico cujo trabalho teve muita influência na história da Igreja no século 20, por defender "o lugar vital da religião na sociedade civil".
Um dos objetivos da viagem, apenas a segunda de um papa à Inglaterra, foi pedir aos países menos religiosos da Europa para evitar o que ele tem chamado de "secularismo agressivo" ou "ateísmo extremista" que tenta excluir Deus e a religião da vida pública.
Durante a viagem ele fez um dos mais significativos pedidos de desculpas às vítimas de abuso sexual por padres da Igreja Católica e encontrou-se com cinco adultos que foram molestados quando eram crianças.
O maior protesto já visto em uma de suas viagens aconteceu no sábado, quando 10 mil manifestantes marcharam pelo centro de Londres carregando cartazes contra o papa.