Em discurso na 55ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, defendeu nesta terça-feira (27) em Genebra a decisão de Caracas de fechar um escritório das Nações Unidas no país na semana retrasada.
A ditadura da Venezuela determinou no último dia 15 a suspensão das atividades do escritório local de assessoria técnica do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, que investigava violações nessa área desde 2019, e a saída dos seus funcionários do país.
O regime de Nicolás Maduro alegou que eles “interferiram em assuntos internos”, após questionarem o desaparecimento por alguns dias e a prisão da advogada e ativista Rocío San Miguel, depois apresentada num tribunal.
No discurso desta terça-feira, Gil disse que a Venezuela “continua interessada em manter uma cooperação técnica de alto nível com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos”, mas disse que isso só pode acontecer “sem ingerências ou participações políticas”.
“O escritório na Venezuela se afastou de seu mandato de imparcialidade, realizando ações inadequadas ao estabelecer-se como uma espécie de escritório de advocacia privado para conspiradores golpistas e grupos terroristas”, disse Gil, segundo informações da agência EFE.
“Isso nos forçou a suspender as suas atividades na Venezuela até que as medidas corretivas pertinentes sejam tomadas”, afirmou o chanceler venezuelano.
Gil alegou ainda que o escritório não foi “capaz de se pronunciar nem uma vez sobre as denúncias sustentadas do governo nacional sobre tentativas de golpe de Estado e magnicídio” contra Maduro e que ao invés disso “fez eco à campanha de setores radicais que continuam a atacar as instituições e o governo da Venezuela”.
Na abertura da 55ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, na segunda-feira (26), o alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk, alfinetou Caracas no seu discurso.
“A ONU tornou-se um para-raios para a propaganda manipuladora e um bode expiatório para os fracassos políticos [de governos pelo mundo]”, ironizou.
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