Quando o então presidente George W. Bush precisou aprovar a rigorosa técnica de interrogatório conhecida como "waterboarding", ou simulação de afogamento, para ser usada contra Khalid Sheikh Mohammed, mentor dos ataques de 11 de setembro de 2001, ele não hesitou.

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"Damn right", algo como "com certeza", respondeu ele.

A aprovação de Bush a essa técnica para arrancar informações de militantes islâmicos, amplamente condenada por ativistas de direitos humanos, que a consideram uma forma de tortura, foi uma das mais polêmicas decisões de Bush em seus oito anos de mandato (2001-2009).

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Em sua ainda inédita autobiografia, "Decision Points", Bush defende enfaticamente o "waterboarding", dizendo que ele foi crucial para evitar uma repetição nos EUA de atentados como o do 11 de Setembro.

Ele disse que só três detentos foram submetidos aos quase afogamentos, e que isso permitiu a obtenção de informações que inviabilizaram ataques.

O livro, do qual a Reuters obteve um exemplar, chega na terça-feira às livrarias. Nele, Bush diz que sua "realização mais significativa" foi a capacidade de evitar um novo 11 de setembro.

O "waterboarding" foi proibido pelo sucessor de Bush, Barack Obama, logo depois da sua posse. Os interrogadores agora precisam seguir orientações de um Manual de Campo do Exército.

Durante o governo Bush, os EUA foram muito criticados pelo tratamento dispensado a presos no Iraque, no Afeganistão e na base naval de Guantánamo, encravada em Cuba.

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Bush escreve que a simulação de afogamento inicialmente foi aprovada para Abu Zubaydah, membro da Al Qaeda preso em 2002 no Paquistão sob suspeita de envolvimento em um plano para atacar o Aeroporto Internacional de Los Angeles.

Quando Abu Zubaydah parou de responder às perguntas do FBI, o diretor da CIA, George Tenet, disse a Bush que intuía que o preso ainda teria mais informações a oferecer.

Bush relata que advogados da CIA e do Departamento de Justiça realizaram uma minuciosa análise do caso e prepararam um "programa intensificado de interrogatório" que, segundo ele, era compatível com a Constituição dos EUA e com todas as leis aplicáveis, inclusive as que proíbem a tortura.

O ex-presidente diz ainda que havia duas técnicas, que ele não descreve, que considerou excessivas, embora legais, e que ele ordenou que não fossem usadas. Mas ele aprovou a simulação de afogamento.

"Sem dúvida o procedimento era duro, mas especialistas médicos asseguraram à CIA que ele não causava danos duradouros", diz Bush, acrescentando que o método se provou "altamente efetivo", e que Abu Zubaydah revelou uma grande quantidade de informações.

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