Papa Bento 16 faz saudação ao chegar a audiência no Vaticano| Foto: Tony Gentile/Reuters

São Paulo - O novo livro do Papa Bento XVI, intitulado Semana San­­ta: Da entrada a Jerusalém até a Res­­surreição, teve alguns trechos divulgados ontem pela Livra­­ria Editora Vaticana, a oito dias da data do lançamento. Neles, o Pontífice exime pessoalmente os judeus das acusações de que foram responsáveis pela morte de Jesus Cristo, repudian­­do o conceito de culpa co­­letiva que tem as­­­sombrado há séculos as relações entre cristãos e judeus.

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O Papa faz a complexa avaliação teológica e bíblica nu­­ma seção do segundo volume do li­­vro Jesus de Nazaré, que será publicado na semana que vem.

A Igreja Católica Romana oficialmente repudiou a ideia da culpa coletiva judaica pela morte de Cristo em um importante documento produzido pelo Segundo Concílio do Va­­ticano em 1965.

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Acredita-se que seja a primeira vez que um papa tenha feito uma análise tão detalhada e uma comparação entre os vários relatos do Novo Testa­­men­­to sobre a condenação de Jesus à morte pelo governador romano Pôncio Pilatos.

"Agora precisamos perguntar: quais foram exatamente os acusadores de Jesus?", questiona o Papa, acrescentando que o Evangelho de São João diz apenas que foram "os judeus".

"Mas o uso dessa expressão por João não indica de forma alguma – como o leitor moderno poderá supor – o povo de Israel em geral, menos ainda tem um caráter ‘racista’", es­­creve ele. "Afinal, o próprio João era etnicamente judeu, assim como Jesus e todos os seus seguidores. A comunidade cristã antiga inteira era formada por ju­­deus", escreve ele.

"Reais acusadores"

Bento XVI diz que a referência era à "aristocracia do Templo", que queria Jesus condenado à morte porque ele havia se de­­clarado rei dos judeus e violara a lei religiosa judaica.

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Ele conclui que o "grupo real de acusadores" foram as autoridades do Templo e não todos os judeus da época.