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Ações subiram mais de 3% na Bolsa espanhola após o anúncio do banco | PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP
Ações subiram mais de 3% na Bolsa espanhola após o anúncio do banco| Foto: PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP

Em um crescente temor em torno da crise espanhola, o banco catalão Sabadell convocou uma reunião extraordinária para esta quinta-feira (5) para aprovar a transferência de sua sede para fora dessa região separatista.  O banco está hoje instalado em Sabadell, a 20 quilômetros de Barcelona, mas estuda se mudar para Madri ou Alicante. Com o anúncio de seus planos, as ações subiram mais de 3% na Bolsa espanhola. Outra instituição, o CaixaBank, estuda tomar uma decisão semelhante.  

A mudança de sede significa que o Sabadell estará sujeito às leis do lugar para o qual se mudar - e aos impostos municipais e regionais. Mas isso não quer dizer que os trabalhadores terão de deixar fisicamente a Catalunha.  

Instituições bancárias já discutiram deixar a Catalunha em anos anteriores, quando houve outros movimentos de independência.  A maior preocupação é que, se a Catalunha por ventura for independente, estará fora da União Europeia. É improvável que um Estado catalão volte a se unir ao bloco econômico, porque seria vetado pela Espanha.  

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Pressão

Este início de êxodo bancário preocupa investidores e deve aumentar a pressão para que os líderes separatistas abandonem suas reivindicações, consideradas ilegais pelo governo central em Madri. O Partido Socialista Catalão exigiu que Oriol Junqueras, vice-presidente catalão, compareça ao Parlamento para explicar a possível saída dos bancos da região.  

O Sabadell justifica sua decisão como uma questão técnica, tomada para proteger os interesses dos clientes. Não há uma avaliação política sobre se a Catalunha deve ou não se separar totalmente da Espanha, segundo disse o chefe do banco, Josep Oliu.  

O ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, insistiu na quinta-feira que não há riscos aos clientes, pois bancos como o Sabadell são "espanhóis, europeus".  

Contexto 

 A região espanhola da Catalunha tem hoje já uma série de liberdades, como seu próprio Parlamento e polícia, os chamados Mossos d'Esquadra. Mas sua classe política tem insistido, nos últimos anos, na necessidade de ter completa independência.  

Um dos argumentos mais fortes é, ironicamente, o econômico. A Catalunha corresponde a 20% do PIB (produto interno bruto) espanhol, que é hoje de US$ 1,2 trilhão.  

O governo central espanhol em Madri não reconhece o separatismo catalão e não vai aceitar sua declaração unilateral de independência, prevista para esta próxima segunda-feira (9).  No domingo passado (1º), em um plebiscito separatista, houve 90% dos votos no "sim" - mas apenas 42% dos eleitores tinham participado.  

Restam poucos instrumentos para o governo de Madri impedir a separação catalã. Uma das medidas drásticas seria utilizar o Artigo 155, que revoga temporariamente a autonomia catalã e pode forçar eleições regionais antecipadas. Há crescente pressão política para tal gesto.  

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O ex-premiê conservador José María Aznar (1996-2004) atiçou Madri ao fazer uma crítica pública ao atual governante, o também conservador Mariano Rajoy, dizendo que precisa "ter vontade para ativar o Artigo 155".  

Se não o fizer, disse Aznar, "então deveria dar aos espanhóis a possibilidade de decidir que governo, com que proposta e com que apoio eleitoral" deve lidar com a crise catalã. Ou seja -ou Rajoy convoca eleições antecipadas na Catalunha, ou deixa o cargo, segundo o ex-premiê.  

Já a presidente do Parlamento regional catalão, Carme Forcadell, disse nesta quinta-feira que acionar o Artigo 155 "teria um efeito contraproducente, porque há muitas pessoas dispostas a defender o autogoverno e as instituições na Catalunha".

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