A presidente Dilma Rousseff receberia na noite desta quarta-feira (19) a chanceler Angela Merkel, acompanhada de 12 ministros e vice-ministros alemães (ao todo, o Executivo do país europeu possui 20 ministérios). O encontro tem objetivos estratégicos de relacionamento em um momento em que ambos os países enfrentam questões internas delicadas.
A visita de Merkel pode ser interpretada como indicativo de confiança dos alemães no “êxito do governo” da presidente Dilma. A avaliação é do diretor do departamento da Europa no Itamaraty, Oswaldo Biato Jr., que também destacou o longo histórico de parceria entre Brasil e Alemanha.
“Se eles não acreditassem no êxito do governo, não estariam vindo. Teriam adiado, cancelado meses atrás. Isso demonstra que, apesar dos problemas, o Brasil é um parceiro muito importante, economicamente e também politicamente”, afirmou.
“Os alemães conhecem bem o Brasil, há empresas [alemãs] que estão aqui há mais de cem anos. E já houve crises no passado, nos anos 1980, [no período de governo do ex-presidente] Collor. Não são marinheiros de primeira viagem”, disse Biato Jr..
A agenda de trabalho, concentrada em apenas um dia, prevê a assinatura de cerca de 12 acordos. Após as atividades, todos retornam à Alemanha, sem passagens por outros países da América Latina.
Apesar de ambos os países enfrentarem dificuldades em temas internos, o embaixador prevê um resultado positivo do encontro. Na Alemanha, as votações de resgates bilionário à Grécia têm resultado em rachas entre apoiadores da chanceler alemã. No Brasil, o cenário de crise econômica e desgaste do Planalto com o Congresso é motivo de atenção constante do Executivo.
“O fato favorável é que o Brasil é um grande mercado. Neste momento, as coisas estão um pouco difíceis, mas os alemães têm capacidade de olhar um pouco para frente, ver que, até agora, só ganharam aqui no Brasil”, disse o diplomata.
Acordos
Segundo Oswaldo Biato Jr., os acordos que serão assinados não tratam de “grandes anúncios de investimentos”, mas nem por isso perdem relevância. Está prevista a assinatura de declarações e memorandos de entendimento em áreas como cooperação educacional, meio ambiente e tecnologia.
O tema da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas também deve ser abordado no encontro. A ampliação do grupo é uma das pautas recorrentes do Brasil em sua política externa.
“Uma das nossas pretensões é que no ano de aniversário dos 70 anos [da ONU, celebrado este ano], alguma coisa pudesse sair, algum tipo de progresso”, afirmou o diretor. Ele reconheceu, no entanto, que a tarefa não é fácil.
“É muito difícil porque muitos países dizem apoiar, mas, na prática, não apoiam. Certamente [o tema] vai ser tocado entre as mandatárias.”
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