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Grupo de manifestantes entram em confronto com as forças de segurança na Praça Tahrir | EFE/MOHAMED OMAR
Grupo de manifestantes entram em confronto com as forças de segurança na Praça Tahrir| Foto: EFE/MOHAMED OMAR

O gabinete do Egito apresentou sua renúncia nesta segunda-feira (21), enquanto confrontos entre forças de ordem e manifestantes pedindo reformas democráticas eram registrados pelo terceiro dia na Praça Tahrir, no Cairo. "O governo do primeiro-ministro Essam Sharaf entregou sua renúncia ao (governante) Conselho Supremo das Forças Armadas," disse o porta-voz do gabinete, Mohammed Hegazy, em um documento divulgado pela agência de notícias oficial MENA.

Confira a galeria de imagens dos confrontos no Cairo

"Devido às difíceis circunstâncias que o país atravessa, o governo vai continuar trabalhando" até a renúncia ser aceita, indicou.

Desde sábado cerca de 33 pessoas morreram em confrontos entre forças de segurança e manifestantes na simbólica Praça Tahrir do Cairo e em outras cidades do país.Os confrontos ocorrem a uma semana do começo das eleições legislativas, no dia 28 de novembro, que se estenderão por meses.

Os manifestantes exigem o fim do poder militar instaurado em 11 de fevereiro após a renúncia do presidente Hosni Mubarak, acusado de querer se perpetuar no poder e manter o sistema repressivo do antigo regime.

Essam Sharaf, nomeado para a liderança do governo em março, era muito popular no movimento pró-democracia, mas sua imagem foi comprometida devido a sua fraqueza frente à tutela das Forças Armadas e à lentidão em aplicar as reformas.

Protestos

Os militares foram festejados como campeões do levante que derrubou Hosni Mubarak em fevereiro, mas a violência desde sábado, quando a polícia tentou acabar com uma manifestação na Praça Tahrir, no Cairo, deixou clara a crescente hostilidade com o controle contínuo das forças armadas.

"Eu vi a polícia bater em mulheres da idade da minha mãe. Quero que o governo militar acabe", disse Mohamed Gamal, de 21 anos. "Só vou para casa à noite trocar de roupa e volto."

Depois do amanhecer nesta segunda-feira, a polícia atacou um hospital improvisado, mas foi rechaçada por manifestantes que quebraram calçadas e atiraram pedaços de concreto contra os policiais, disseram testemunhas.

Confrontos sectários, o êxodo de turistas e problemas trabalhistas desde a derrubada de Mubarak abateram a economia e deixaram muitos egípcios ansiando por estabilidade.

O exército insiste que a violência não irá atrasar a eleição, que deve acontecer em pouco mais de uma semana, mas que poderia minar a sua legitimidade.

Alguns no Egito, incluindo os islamistas que esperam uma forte presença de seus partidários nas eleições, dizem que a situação frágil da segurança faz parte de uma tática militar para permanecer no poder.

O ministro das Relações Exteriores da Finlândia, que visitou a Praça Tahrir nesta segunda-feira, disse que as imagens e relatos de violência no Cairo eram "indefensáveis".

"Isso é uma provocação para tentar parar o processo democrático e as eleições? É muito importante que as eleições comecem na próxima semana", afirmou.

O Exército negou que queira ficar no poder e insiste que pode garantir a segurança durante a votação.

Transição

Os egípcios elegem um novo parlamento em uma votação por etapas, que começa em 28 de novembro, mas o poder permanecerá com o Exército até a eleição presidencial, que não deve acontecer até final de 2012 ou início de 2013. Os manifestantes querem uma transição muito mais rápida.

As forças de segurança queimaram faixas dos manifestantes. Vídeos postados na Internet, que não puderam ser verificados de forma independente, mostraram policiais batendo nos manifestantes com paus, puxando pelos cabelos e, em um caso, jogando o que parecia ser um cadáver em pilhas de lixo.

Moradores reagiram com raiva quando a polícia lançou gás lacrimogêneo em uma multidão reunida embaixo de um prédio em chamas a 200 metros da Praça Tahrir, dificultando o resgate de moradores presos.

A Praça Tahrir foi o ponto de encontro para os manifestantes no Cairo quando um levante de 18 dias derrubou Mubarak e, depois, tornou-se o palco para protestos regulares contra o Exército.

"Estamos todos insistindo em ter a eleição a tempo - o governo, os partidos e o Conselho Supremo das Forças Armadas", disse à Reuters o porta-voz do gabinete de Mohamed Hegazy.

Um dos alvos dos protestos é o marechal de campo Mohamed Hussein Tantawi, ministro da Defesa de Mubarak por duas décadas e líder do conselho militar que governa atualmente o Egito. Os manifestantes querem que ele deixe o governo provisório.

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