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Agricultores franceses bloqueiam rodovia A9 durante uma manifestação em Nimes, região da Occitânia, no sul da França
Agricultores franceses bloqueiam rodovia A9 durante uma manifestação em Nimes, região da Occitânia, no sul da França| Foto: EFE/EPA/GUILLAUME HORCAJUELO

O governo da França anunciou nesta quarta-feira (31) dois dispositivos adicionais de ajuda aos agricultores, em um montante total de 230 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão), e mostrou sua determinação em fazer com que a União Europeia (UE) abandone as negociações com o Mercosul nas atuais condições.

Sob pressão de dezenas de pontos de bloqueio de agricultores em todo o território francês, e em particular nas principais vias de acesso a Paris, o ministro da Agricultura, Marc Fesneau, apresentou o novo pacote de ajuda em entrevista à emissora Sud Radio.

O primeiro, dotado de 150 milhões de euros (R$ 806,4 milhões), será destinado ao desenraizamento de vinhas, que poderá ser temporário ou permanente e que terá de receber a aprovação da UE, para o que a França negociará em Bruxelas no âmbito de uma coligação que pretende estabelecer com Espanha e Itália, explicou Fesneau.

O segundo, com 80 milhões de euros (R$ 430,1 milhões), será destinado, por um lado, a problemas específicos de setores que tiveram crises específicas, como pragas em determinadas regiões vitivinícolas, e também ao pagamento de juros de empréstimos de explorações agrícolas em 2024 .

Sobre a rejeição categórica de Paris a um acordo entre a UE e o Mercosul, o titular da Agricultura disse que a informação que dispõe é que as negociações entre os dois blocos foram suspensas, tal como a França tinha solicitado.

Fesneau reconheceu que nesta questão “a França está sozinha” entre os 27 países da UE, mas insistiu que “se não conseguirmos o que queremos”, ou seja, as famosas cláusulas-espelho, “não haverá acordo com o Mercosul".

A posição francesa, lembrou o ministro, baseia-se no fato das práticas agrícolas de certos produtos nos países do Mercosul não cumprirem as regras sanitárias ou ambientais impostas aos agricultores na França, como a utilização de hormônios para engordar o gado ou o uso de certos produtos fitossanitários, assim como na alegação de que “a trajetória climática desses países não é boa”.

O ministro da Economia e Finanças, Bruno Le Maire, em outra entrevista à rádio Europe 1, garantiu que “a França tem força suficiente na Europa” para impor sua posição sobre o Mercosul: “Este acordo não pode ser assinado tal como está. E não será assinado".

A questão da negociação com o Mercosul é um dos temas que o presidente francês, Emmanuel Macron, pretende abordar nesta quinta (1º) em um encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas, por ocasião da cúpula extraordinária da UE.

Em junho de 2019, após quase 20 anos de negociações, a UE e o Mercosul chegaram a um princípio de acordo para estabelecer um pacto de livre-comércio, mas desde então a França e alguns outros países opuseram-se à continuação do procedimento de aprovação.

Esse acordo gera uma oposição generalizada entre os agricultores franceses que participam dos atuais bloqueios.

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