Jovem egípcio segura lata de gás durante confronto com a polícia no Cairo| Foto: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh

Em meio à polêmica causada pelo decreto do presidente Mohammed Mursi, que ampliou seus poderes nos Egito e gerou uma série de protestos em todo o país, os membros da Assembleia Constituinte votarão na quinta-feira (29) o projeto da Carta Magna, a primeira após o fim do regime de Hosni Mubarak, em 2011. A versão final do documento pode ser entregue ainda nesta quarta-feira, num movimento que a Irmandade Muçulmana enxerga como uma saída para a crise que vem já deixou pelo menos dois mortos e mais de 700 feridos.

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A data de votação foi anunciada nesta quarta-feira pelo presidente da casa, Hossam al Gheriyani. A informação foi confirmada por integrantes de partidos salafistas e pelo liberal Amr Abdel Hadi, um dos poucos não islâmicos restantes na comissão para a Constituição. O anúncio acontece horas depois de o Tribunal Constitucional ter acusado o presidente de promover uma campanha contra os magistrados para defender os decretos, que aumentam seu poder.

"Se vocês (oposição) estão irritados por causa dos decretos, nada poderá parar isso a não ser uma nova Constituição que deve ser feita imediatamente. Vamos começar agora e acabar hoje, se Deus quiser", disse Hossam el-Gheriyani, no início da última sessão no Cairo. Segundo ele, quinta-feira será "um ótimo dia".

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A Irmandade espera acabar com a crise trocando o controverso decreto por uma constituição completamente nova, que precisa ser aprovada por um referendo popular, segundo um oficial do grupo. Mas enquanto opositores de Mursi chegam ao sexto dia de protestos na Praça Tahrir, críticos afirmam que a assembleia, dominada por islâmicos, pode piorar a situação. A legalidade e a legitimidade da assembleia têm sido questionadas por uma série de processos judiciais exigindo sua dissolução. Sua legitimidade popular tem sido atingida com a saída de membros, inclusive de representantes da igreja e de liberais.

A Assembleia foi criada em março e tem predomínio do Partido Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana. Devido à insistência em incluir parte da sharia (lei islâmica) no texto, a maioria dos grupos liberais abandonou a comissão.