Equador e Peru escolhem novos presidentes neste domingo com uma série de protocolos sanitários em razão da pandemia do coronavírus, que recentemente se recrudesceu nos países da América do Sul.
Os equatorianos têm um segundo turno entre um empresário conservador e um protegido do ex-presidente de esquerda Rafael Correa, enquanto os peruanos têm 18 opções de escolha no primeiro turno. Todas as cadeiras no congresso do Peru também são disputadas.
As eleições ocorrem em meio a um aumento nos casos de Covid-19 em ambos os países e um avanço insuficiente em seus programas de vacinação. As restrições de circulação voltaram, o que ameaça mais danos às economias já abaladas das nações.
Equador
No Equador, os eleitores foram obrigados a usar máscara, trazer seu próprio desinfetante para as mãos, manter uma distância de 1,5 metro de outras pessoas e evitar qualquer contato pessoal no local de votação. O único momento em que os eleitores puderam baixar a máscara foi durante o processo de identificação.
A presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador, Diana Atamaint, disse que 45,34% dos eleitores equatorianos votaram até às 13h20 (horário local). Ao todo, o país possui 12,6 milhões de cidadãos habilitados a votar.
Em pronunciamento, ela afirmou que o tempo médio de votação de cada um foi de três minutos, e que o processo foi marcado pela organização e pelo cumprimento das regras de biossegurança estabelecidas para evitar a disseminação do novo coronavírus.
Diana destacou a participação das forças armadas equatorianas e das polícias locais para garantir a eleição. "Isso graças à efetiva parceria que mantemos com as forças armadas, polícias e com a colaboração do povo equatoriano."
O segundo turno do Equador apresentou o candidato de esquerda Andres Arauz, que liderou o primeiro turno com mais de 30% em 7 de fevereiro, e o ex-banqueiro Guillermo Lasso, que chegou à final ao terminar cerca de meio ponto percentual acima do candidato ambientalista e indígena Yaku Pérez.
Com 94,5% da apuração realizada, o candidato Guillermo Lasso vai liderando a disputa 52,65% dos votos válidos, contra 47,35% de seu oponente Andres Arauz.
O novo governante enfrentará um enorme desafio: o país tem de aumentar suas receitas em US$ 22 bilhões em 2022, segundo acordo com o FMI. Um dos caminhos seria aumentar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que atualmente é de 12%, para 15%. A crise fiscal, o desemprego, a pandemia, o fechamento de empresas são algumas das razões pelas quais 90% dos equatorianos estão preocupados ou deprimidos.
O país está mergulhado em uma recessão que muitos temem que deva piorar com o retorno das restrições de circulação por causa de um aumento nos casos de Covid-19. O Equador registrou mais de 341 mil casos e mais de 17 mil mortes até sexta-feira.
Peru
Enquanto isso, a eleição do Peru é um campo lotado de aspirantes à presidência que surge meses depois que o caos político do país atingiu um novo nível em novembro passado.
O conjunto de adversários é composto por Yonhy Lescano, congressista há 19 anos, que aspira à presidência pela centro-esquerda com o partido Ação Popular, um dos últimos tradicionais do Peru. Assim como ele, também está na disputa para um provável segundo turno Keiko Fujimori, em liberdade após a prisão preventiva imposta pelo Judiciário, como parte das investigações da Lava Jato peruana.
Filha do ex-presidente Alberto Fujimori, ela foi acusada de receber cerca de US$ 3 milhões da Odebrecht. Também na briga está Hernando de Soto, economista cuja proposta de não deixar a compra de vacinas nas mãos do governo, mas sim por conta de empresas privadas, tem provocado discussões acaloradas no eleitorado.
Outra possibilidade é George Forsyth, ex-prefeito do distrito de La Victoria, em Lima, e ex-goleiro do popular clube de futebol Alianza Lima. A ex-congressista Verónika Mendoza tenta a presidência pela segunda vez, pela coalizão de esquerda Juntos pelo Peru.
E há ainda Rafael López Aliaga, "o Bolsonaro peruano", como é chamado pela imprensa local, que representa uma direita ultraconservadora e compete contra uma candidatura igualmente radical, a de Pedro Castillo, professor de escola pública, líder de um protesto sindical que em 2017 paralisou o país.
Castillo, cuja candidatura foi subestimada pelos meios de comunicação, tem tido destaque inesperado com um discurso que propõe a nacionalização de diversos setores da economia, a revisão dos contratos internacionais e até mesmo uma nova Constituição que dê poder "ao povo" para eleger até mesmo juízes e promotores.
A desilusão política do peruano médio não foi necessariamente causada pela má gestão da crise sanitária. Ela vem de antes. Das repercussões político-judiciais da Lava Jato no país, assunto que estava pegando fogo quando o vírus chegou para roubar as manchetes dos jornais.
Um ex-presidente fugitivo, outro com prisão domiciliar, mais outro com prisão preventiva interrompida e até mesmo um que se suicidou são o resumo mais preciso das consequências deixadas pela investigação de corrupção e lavagem de dinheiro no Peru.
As autoridades eleitorais no Peru agendaram horários específicos para as pessoas votarem para evitar a superlotação nas urnas. As pessoas limparam os sapatos em tapetes desinfetantes, usaram máscaras, passaram por uma verificação de temperatura e carregaram sua própria caneta de tinta azul.
A eleição segue muito acirrada no Peru. Às 22:30h deste domingo (11), de acordo com o boca de urna do Instituto de Pesquisa Ipsos, Pedro Castillo lidera com 16,1%. Em seguida uma série de candidatos aparecem como um possível candidato ao segundo turno: Hernando de Soto com 11,9%, Keiko Fujimori 11,9%, Yonhy Lescano 11,0%, Rafael López Aliaga 10,5% e Verónika Mendoza 8,8%.
O país está entre os mais atingidos pela Covid-19, com mais de 15 milhão de casos e mais de 53.400 mortes até sexta-feira.
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