Foto do encontro entre Chávez, Morales, Lula e Correa, em Manaus, em setembro: tensão com os vizinhos aumentou nos últimos meses| Foto: Reuters

Lula deve anunciar pacote de bondades

O governo brasileiro parece disposto, ao menos no âmbito do Mercosul, a acabar com a fama de imperialista. Numa tentativa de reduzir as assimetrias entre os sócios, bancará a maior parte dos recursos de dois novos fundos que serão anunciados na próxima cúpula de chefes de estado do bloco, amanhã, na Costa do Sauípe, Bahia.

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Pela 1.ª vez, países da AL e Caribe se reúnem sem EUA e Europa

Os 33 países da América Latina e do Caribe se reunirão, pela primeira vez na história, sem a presença dos Estados Unidos ou de países europeus. O encontro, convocado pelo Brasil, acontecerá logo após a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, amanhã, na Costa do Sauípe, Bahia. Durante dois dias, os presidentes da região debaterão temas de interesse comum na Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento (Calc).

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Veja quais são as reuniões e do que vão tratar

Quatro cúpulas reunirão na Costa do Sauípe (BA), nos próximos dias, chefes de estado latino-americanos e caribenhos: Mercosul, União das Nações Sul-Americanas (Unasul), Grupo do Rio e Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento. Em grupos maiores ou menores, os encontros acontecerão em meio a tensas relações entre muitos dos países da região.

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O Brasil, como anfitrião, vive situações no mínimo delicadas com alguns de seus vizinhos. Com a Argentina, por exemplo, há divergências com relação ao grau de abertura que deve ser aceito pela região na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Os vizinhos temem que o Brasil, na ânsia de fechar um acordo antes da posse do novo governo norte-americano, faça concessões demais na área industrial e até reduza a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, um dos pilares de uma futura União Aduaneira.

Mas há diferenças ainda maiores com outros parceiros sul-americanos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que se deparar com colegas dispostos a auditar suas dívidas com o Brasil. Paraguai, Venezuela e Bolívia, que já anunciaram que pretendem seguir o exemplo do Equador – que, após auditoria, decidiu não pagar dívida de US$ 462 milhões que tem com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) relativa ao financiamento da construção da Hidrelétrica San Francisco.

Em outubro, quando começaram as ameaças do Equador, envolvendo a perspectiva de expulsão da construtora Odebrecht, responsável pela obra da usina, o governo brasileiro chegou a cancelar missão do Ministério dos Transportes, que iria ao Equador para discutir o apoio do Brasil a obras de infra-estrutura viária naquele país. No mês seguinte, a diplomacia brasileira foi surpreendida pela decisão do governo equatoriano de impetrar juízo arbitral junto Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI), visando a suspensão do pagamento da dívida junto ao BNDES.

A decisão do presidente do Equador, Rafael Correa, foi anunciada em evento público, sem prévia consulta ou notificação ao governo brasileiro. Na ocasião, o Itamaraty divulgou nota criticando o parceiro da Unasul. O governo brasileiro considera que a natureza e a forma de adoção das medidas tomadas pelo governo equatoriano não se coadunam com o espírito de diálogo, de amizade e de cooperação que caracteriza as relações entre o Brasil e o Equador, dizia a nota.

Nas cúpulas do Sauípe, além do clima estremecido com Rafael Correa, Lula dificilmente conseguirá evitar de falar com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, sobre a possibilidade de auditoria na dívida de US$ 19,6 bilhões que o país tem com o Brasil referente construção da usina hidrelétrica binacional de Itaipu.

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A revisão do contrato entre os dois países vem sendo reivindicada pelo Paraguai há anos e foi uma das principais bandeiras de campanha de Lugo, eleito neste ano.