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Em meio a tensões crescentes com a Rússia, a primeira-ministra da Moldávia, Natalia Gavrilita, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (10). A presidente Maia Sandu aceitou a renúncia e nomeou o assessor presidencial Dorin Recean como substituto – ele deve obter aprovação do Parlamento para liderar o Executivo.
Gavrilita, que estava há um ano e meio no poder, afirmou em entrevista coletiva que “chegou a hora de anunciar minha renúncia” e que não esperava que “tivesse que administrar tantas crises causadas pela agressão russa à Ucrânia”.
O mandato de Gavrilita foi marcado por inflação (que gerou protestos da população, classificados pelo governo como uma estratégia do Kremlin para desestabilizar o país) e pelas crises com Moscou.
A Rússia reduziu as exportações de gás para o país, comprometeu o fornecimento de energia para a ex-república soviética com ataques à infraestrutura ucraniana e nesta sexta-feira violou o espaço aéreo moldavo durante um ataque com mísseis contra a Ucrânia, ação condenada pelo governo de Chisinau, que convocou o embaixador russo como forma de protesto.
Durante a semana, os serviços de informação da Moldávia confirmaram planos para desestabilizar o país denunciados em Bruxelas pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que acusou diretamente a Rússia.
“Assumi o governo com um mandato anticorrupção, pró-desenvolvimento e pró-europeu em um momento em que esquemas de corrupção haviam capturado todas as instituições e os oligarcas se sentiam intocáveis”, afirmou Gavrilita nesta sexta-feira. “Fomos imediatamente confrontados com chantagens sobre energia, e aqueles que fizeram isso esperavam que cedêssemos.”
“A aposta dos inimigos de nosso país era que agiríamos como governos anteriores, que abriram mão de interesses energéticos, traíram o interesse nacional em troca de benefícios de curto prazo”, afirmou a agora ex-premiê.
O governo pró-Ocidente de Gavrilita apresentou no ano passado pedido para que a Moldávia ingresse na União Europeia, reivindicação que Recean disse pretender levar adiante. “O novo governo terá três prioridades: ordem e disciplina, uma nova vida e economia, e paz e estabilidade”, afirmou Recean em entrevista coletiva.