Líderes da coalizão que governa o Paquistão se reuniram nesta terça-feira para discutir quem seria o sucessor de Pervez Musharraf na presidência, um dia após o anúncio de sua renúncia. Enquanto isso, um atentado nas proximidades de um hospital matou pelo menos 27 pessoas, incluindo dois policiais, e ilustrou as dificuldades que o país terá pela frente.
O ataque suicida ocorreu em Dera Ismail Khan, no volátil noroeste paquistanês. Outras 35 pessoas ficaram feridas, segundo a polícia. Um alto policial da região, Mohsin Shah, afirmou que o motivo foi aparentemente sectário, sendo os xiitas os prováveis alvos. O Taleban reivindicou a responsabilidade pelo atentado.
Com a renúncia de Musharraf para escapar de um possível processo de impeachment, há um momento de incerteza no país sobre qual será a abordagem do governo para lidar com a violência extremista.
Acredita-se que o agora ex-líder Musharraf está em uma residência superprotegida, nas proximidades da capital, Islamabad. O futuro do aliado dos Estados Unidos, havia nove anos no poder, também estava sob discussão no encontro.
O ministro da Justiça, Farooq Naek, garantiu que o governo não havia feito um acordo de imunidade com o ex-presidente. Apesar disso, aliados e rivais de Musharraf disseram que ele havia conseguido garantias de que não seria processado nem forçado a se exilar.
Musharraf não disse qual seriam seus planos durante o emocionado discurso de renúncia, dizendo apenas que seu futuro estava nas mãos das pessoas. Mas relatos da mídia local sugerem que ele pode deixar o país - Musharraf é odiado por militantes islamitas e bastante impopular entre os paquistaneses comuns.
"Não deve ser permitido que ele deixe o país", afirmou Sadiqul Farooq, porta-voz do segundo maior partido da coalizão, que já acusou o ex-presidente de traição. "Ele deveria ser julgado por seus crimes."
O próximo presidente será eleito pelos parlamentares, em um processo que deve terminar em até 30 dias.
Para alguns analistas, o atual governo perdeu muito tempo pressionando pela saída de Musharraf e discutindo como devolver os cargos de magistrados afastados pelo agora ex-presidente. Esses problemas teriam desviado a atenção da administração de outras questões importantes.
"Há um grande desafio pela frente", disse o analista político Shafqat Mahmood. "Essa desculpa envolvendo Musharraf ficou para trás. Agora as pessoas estarão prestando atenção na performance do governo."
Musharraf chegou ao poder em 1999, em um golpe militar. Durante seus nove anos no poder, tornou-se um aliado próximo dos EUA na luta contra o terror. Parte da população culpa a aliança com Washington pela crescente violência.
A oposição venceu as eleições parlamentares de fevereiro, deixando o presidente progressivamente com menos poderes. Os oposicionistas anunciaram uma campanha pelo impeachment no início deste mês, levando Musharraf a avaliar que não conseguiria se manter no cargo.
Um dos principais problemas é como lidar com a insurgência de grupos como a Al-Qaeda e o Taleban no instável noroeste. A região, fronteiriça com o Afeganistão, sofre há anos com a violência militante e sectária.
Também nesta terça-feira, forças de segurança mataram durante um confronto 11 supostos militantes e cinco civis, na região tribal de Bajur. Em outro confronto na mesma área, 13 militantes e cinco paramilitares morreram, segundo um funcionário do governo.
VISITA - O chefe das forças armadas do Paquistão, general Ashfaq Parvez Kayani, desembarcou na capital do Afeganistão para encontros com autoridades locais nesta terça-feira. Em Cabul, ele falou por telefone com o presidente Hamid Karzai.
Um porta-voz militar paquistanês disse que a viagem estava marcada havia pelo menos um mês. Segundo funcionários afegãos que falaram sob anonimato, porém, a visita de Kayani não era do conhecimento das lideranças do Afeganistão. As informações são da Associated Press. (Gabriel Bueno)19/08/2008 12:22 - NI/ /PAQUISTÃO/POLÍTICA/VIOLÊNCIA
Em meio a violência, governo discute futuro pós-Musharraf
Por
Islamabad, 19 (AE) - Líderes da coalizão que governa o Paquistão se reuniram nesta terça-feira para discutir quem seria o sucessor de Pervez Musharraf na presidência, um dia após o anúncio de sua renúncia. Enquanto isso, um atentado nas proximidades de um hospital matou pelo menos 27 pessoas, incluindo dois policiais, e ilustrou as dificuldades que o país terá pela frente.
O ataque suicida ocorreu em Dera Ismail Khan, no volátil noroeste paquistanês. Outras 35 pessoas ficaram feridas, segundo a polícia. Um alto policial da região, Mohsin Shah, afirmou que o motivo foi aparentemente sectário, sendo os xiitas os prováveis alvos. O Taleban reivindicou a responsabilidade pelo atentado.
Com a renúncia de Musharraf para escapar de um possível processo de impeachment, há um momento de incerteza no país sobre qual será a abordagem do governo para lidar com a violência extremista.
Acredita-se que o agora ex-líder Musharraf está em uma residência superprotegida, nas proximidades da capital, Islamabad. O futuro do aliado dos Estados Unidos, havia nove anos no poder, também estava sob discussão no encontro.
O ministro da Justiça, Farooq Naek, garantiu que o governo não havia feito um acordo de imunidade com o ex-presidente. Apesar disso, aliados e rivais de Musharraf disseram que ele havia conseguido garantias de que não seria processado nem forçado a se exilar.
Musharraf não disse qual seriam seus planos durante o emocionado discurso de renúncia, dizendo apenas que seu futuro estava nas mãos das pessoas. Mas relatos da mídia local sugerem que ele pode deixar o país - Musharraf é odiado por militantes islamitas e bastante impopular entre os paquistaneses comuns.
"Não deve ser permitido que ele deixe o país", afirmou Sadiqul Farooq, porta-voz do segundo maior partido da coalizão, que já acusou o ex-presidente de traição. "Ele deveria ser julgado por seus crimes."
O próximo presidente será eleito pelos parlamentares, em um processo que deve terminar em até 30 dias.
Para alguns analistas, o atual governo perdeu muito tempo pressionando pela saída de Musharraf e discutindo como devolver os cargos de magistrados afastados pelo agora ex-presidente. Esses problemas teriam desviado a atenção da administração de outras questões importantes.
"Há um grande desafio pela frente", disse o analista político Shafqat Mahmood. "Essa desculpa envolvendo Musharraf ficou para trás. Agora as pessoas estarão prestando atenção na performance do governo."
Musharraf chegou ao poder em 1999, em um golpe militar. Durante seus nove anos no poder, tornou-se um aliado próximo dos EUA na luta contra o terror. Parte da população culpa a aliança com Washington pela crescente violência.
A oposição venceu as eleições parlamentares de fevereiro, deixando o presidente progressivamente com menos poderes. Os oposicionistas anunciaram uma campanha pelo impeachment no início deste mês, levando Musharraf a avaliar que não conseguiria se manter no cargo.
Um dos principais problemas é como lidar com a insurgência de grupos como a Al-Qaeda e o Taleban no instável noroeste. A região, fronteiriça com o Afeganistão, sofre há anos com a violência militante e sectária.
Também nesta terça-feira, forças de segurança mataram durante um confronto 11 supostos militantes e cinco civis, na região tribal de Bajur. Em outro confronto na mesma área, 13 militantes e cinco paramilitares morreram, segundo um funcionário do governo.
Visita
O chefe das forças armadas do Paquistão, general Ashfaq Parvez Kayani, desembarcou na capital do Afeganistão para encontros com autoridades locais nesta terça-feira. Em Cabul, ele falou por telefone com o presidente Hamid Karzai.
Um porta-voz militar paquistanês disse que a viagem estava marcada havia pelo menos um mês. Segundo funcionários afegãos que falaram sob anonimato, porém, a visita de Kayani não era do conhecimento das lideranças do Afeganistão. As informações são da Associated Press. (Gabriel Bueno)
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura