Em meio ao medo causado pelos novos ataques cometidos nesta sexta-feira (9) em Paris, moradores da capital francesa e turistas se esforçavam para manter a normalidade.
No começo da tarde, depois de chegarem notícias de que terroristas mantinham reféns em dois locais da cidade, vias importantes, como o boulevard des Invalides e a rue de Rivoli, exibiam pouquíssimo movimento.
"Estou com um pouco de medo sim, qualquer barulho a gente já pega o celular para ver se algo aconteceu", disse o turista Bruno Drugowick, 29, de Campinas (SP), que visitava o museu do Louvre.
Em toda a cidade há faixas pretas e cartazes com a frase "Je suis Charlie". Os incessantes barulhos de sirenes policiais não deixavam ninguém esquecer que aquele não era um dia normal.
"Estamos acompanhando e tentando ficar longe dos lugares que saem nas notícias, vamos voltar bem cedo para o hotel", disse o paulista Jorge Gaglarde, 20, que viajava com a família.
Na catedral de Notre Dame, turistas tentavam cumprir o roteiro de passeios sob vigilância de soldados fortemente armados. "Disseram que era algo localizado, mas estamos sentindo um clima pesado", disse o brasileiro Fernando Oliveira, 34.
A jornalista carioca Joana Bueno, 33, disse que, apesar de abertas, todas as lojas estão revistando as bolsas dos clientes que entram. "Eu já visitei Paris várias vezes, mas nunca vi a cidade tão vazia", disse ela, que descansava no museu Georges Pompidou.
Por volta das 17h30, as duas crises de reféns já haviam terminado, ambas com a morte dos sequestradores, e as ruas começaram encher após o fim da jornada de trabalho.
No Marais, bairro rico e descolado, os bares e lojas estavam lotados no começo da noite. "Penso que os franceses não querem ceder ao medo", disse o promotor de eventos parisiense Yannick Delorne, 48, que ecoa a frase que vem sendo usada nas redes sociais: "Não temos medo".
"Eu torço para que os franceses fiquem todos juntos, solidários, e que não alimentem divisões contra o Islã", disse o estudante de programação Mohammed-Ali Odem, 19, cujos pais são marroquinos.
"No trabalho, na faculdade, em todo lugar o assunto era o mesmo. E agora, o que está por vir? Nas ruas há um ponto de interrogação no rosto de todas as pessoas", disse a brasileira Tamara Rocha, 32, que mora em Paris há 10 anos.
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