Os Estados Unidos estão enviando um porta-aviões e uma unidade de bombardeiros para o Oriente Médio, segundo informou a Casa Branca no domingo (5).
A ação é uma "mensagem clara e inequívoca ao regime iraniano de que qualquer ataque aos interesses dos Estados Unidos ou de nossos aliados será recebido com força implacável", disse o assessor de segurança da Casa Branca, John Bolton, em um comunicado.
"Os Estados Unidos não estão buscando a guerra com o regime iraniano, mas estamos totalmente preparados para responder a qualquer ataque, seja pela Guarda Revolucionária Islâmica ou por forças regulares iranianas", informa o comunicado.
Um oficial da defesa, falando sob condição de anonimato, disse que havia indícios "de que as forças iranianas e seus aliados estavam se preparando para possivelmente atacar as forças dos EUA na região".
Mas nem Bolton nem o Departamento de Defesa identificaram as ações que o Irã pode ter tomado que levariam a uma maior presença militar dos EUA na região. Os Estados Unidos têm forças navais, aéreas e terrestres significativas já implantadas no Oriente Médio.
Questionado sobre o anúncio, o secretário de Estado Mike Pompeo disse a repórteres que isso "é algo em que estamos trabalhando há algum tempo". Repetindo a declaração de Bolton sobre ações do Irã, ele disse: "vamos responsabilizar os iranianos pelos ataques aos interesses americanos".
"Se essas ações ocorrerem, se por algum representante de terceiros, um grupo de milícia, o Hezbollah, vamos responsabilizar diretamente a liderança iraniana por isso", disse ele.
Perguntado se os Estados Unidos haviam comunicado a mensagem diretamente ao Irã, Pompeo disse que "os iranianos entendem exatamente qual é nossa opinião sobre as ameaças que estão representando aos interesses dos EUA em todo o mundo. Não posso dizer mais nada sobre isso".
Em uma reunião do Conselho do Ártico na Finlândia, Pompeo planeja se reunir com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov. Entre outras coisas, espera-se que suas conversas se concentrem na Venezuela, onde o governo diz que o apoio econômico e militar russo - assim como o apoio de Irã e de Cuba - está mantendo o ditador Nicolás Maduro no poder.
Sanções
A administração culpa o Irã por alimentar a instabilidade em todo o Oriente Médio, e Bolton tem sido um defensor de longa data do uso da força militar contra o governo em Teerã.
O Irã não deu resposta imediata à declaração da Casa Branca. No domingo anterior, o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, disse que os Estados Unidos adotaram "guerra psicológica" contra o Irã e que as ações dos EUA na região eram parte de uma luta política com outras superpotências, segundo a agência de notícias Mehr, do Irã. Os Estados Unidos, disse Larijani, "querem manter o Golfo Pérsico para si".
O movimento dos EUA segue ações destinadas a aumentar a "pressão máxima" sobre o Irã. Na sexta-feira, o Departamento de Estado anunciou novas restrições ao programa nuclear do país, dizendo que não renovaria totalmente as sanções que permitiram que outros países participassem de projetos de não-proliferação como parte do acordo nuclear com o Irã.
O presidente Donald Trump retirou os EUA do acordo no ano passado e aumentou gradualmente a pressão sobre outros signatários, incluindo Grã-Bretanha, França e Alemanha, para que fizessem o mesmo. Eles se recusaram e, no final do sábado (4), divulgaram uma declaração com palavras duras enfatizando seu "compromisso contínuo" com o acordo e observando o "cumprimento continuado" do Irã com seus termos.
No final do mês passado, cancelaram-se as dispensas norte-americanas que permitiram que oito países gradualmente eliminassem a compra de petróleo iraniano desde que as sanções às exportações iranianas foram restabelecidas em novembro.
Terrorismo
No início de abril, o governo designou o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica como um grupo terrorista, a primeira vez que tal ação foi tomada contra um braço oficial de um governo estrangeiro.
A designação do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica alimentou temores de que o Irã possa retaliar contra o pessoal ou interesses dos EUA na região, possivelmente por meio de um grupo de milícias que incluem militantes libaneses do Hezbollah e do Iraque.
Milhares de membros do serviço dos EUA estão estacionados em grandes bases no Bahrein, Qatar e outros locais na área, enquanto as tropas no Iraque e na Síria continuam a realizar operações visando o grupo do Estado Islâmico.
O Lincoln da classe Nimitz deixou o porto de Norfolk, Virgínia, no começo da primavera.