O príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman (conhecido como MBS), recebeu o ditador chinês, Xi Jinping, na capital Riad nesta quinta-feira (8), e o formato e os resultados dessa recepção não devem melhorar as relações estremecidas entre o reino e os Estados Unidos.
Agências internacionais destacaram o luxo da grande cerimônia que foi preparada para o líder chinês, enquanto o presidente americano, Joe Biden, foi recebido por MBS em julho num evento bem mais simples.
A imprensa oficial do país árabe informou que a China e a Arábia Saudita assinaram um acordo de parceria estratégica abrangente com uma série de acordos e memorandos de entendimento sobre vários temas, como energia do hidrogênio e uma articulação entre os projetos Visão 2030, por meio do qual a Arábia Saudita planeja diversificar sua economia e reduzir a dependência de petróleo, e Nova Rota da Seda, pelo qual a China faz investimentos em infraestrutura em outros países.
A Reuters informou que foi assinado também um memorando com a empresa chinesa Huawei, sobre computação em nuvem e construção de complexos de alta tecnologia em cidades sauditas.
Os Estados Unidos se preocupam sobre possíveis riscos à segurança representados pela atuação da empresa no Oriente Médio – a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) anunciou no final de novembro a proibição da importação ou venda em território americano de equipamentos de cinco corporações chinesas, entre elas a Huawei. A empresa já havia participado da construção de redes 5G em países da região do Golfo Pérsico.
Biden, na sua campanha vitoriosa à Casa Branca em 2020, prometeu tratar a Arábia Saudita como “pária” caso vencesse a eleição devido ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, morto em 2018 dentro do consulado do país árabe em Istambul, na Turquia – crime que, segundo relatório da CIA, teria sido aprovado por MBS.
Entretanto, o presidente americano vinha buscando uma reaproximação com o reino devido à alta do petróleo e à necessidade de reduzir a influência da Rússia, da China e do Irã no Oriente Médio.
Porém, após a visita de Biden, a Organização dos Países Produtores de Petróleo com acréscimo da Rússia (Opep+) decidiu na primeira semana de outubro cortar a produção mundial em 2 milhões de barris por dia, o que representa 2% do que é produzido em todo o mundo. Na prática, a Arábia Saudita lidera o grupo. A decisão foi reafirmada em comunicado divulgado no início desta semana.