A principal autoridade da Otan acusou a Rússia, nesta quinta-feira (4), de atacar a Ucrânia, enquanto os líderes dos países membros da aliança se reuniram numa cúpula com o objetivo de reforçar o apoio ao governo ucraniano e fortalecer as defesas contra a Rússia.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seus 27 aliados reunidos em um clube de golfe no País de Gales, no Reino Unido, também vão discutir como lidar com a facção radical Estado Islâmico - que ocupa partes do Iraque e da Síria - e como estabilizar o Afeganistão quando as forças da Otan deixarem o país no final do ano.
"Estamos diante de uma mudança dramática no âmbito da segurança", disse o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, a jornalistas na chegada à cúpula.
A acusação de que a Rússia está atacando a Ucrânia elevou a retórica ocidental contra Moscou e definiu o tom para a cúpula de dois dias.
Questionado sobre o plano de paz proposto por Putin nesta quarta (3), Rasmussen disse que a Otan felicita os esforços para encontrar uma solução pacífica, mas ressaltou que "o que conta é o que está acontecendo no território e ainda estamos testemunhando, infelizmente, o envolvimento da Rússia em desestabilizar a situação no leste da Ucrânia".
Moscou nega ter tropas na Ucrânia, mas a Otan diz que a Rússia enviou mais de mil soldados ao país.
Rasmussen disse ainda que os países da Otan vão analisar seriamente qualquer pedido do Iraque de ajuda para enfrentar a crescente insurgência de militantes sunitas.
Alerta
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, fez uma advertência à Otan para que não proponha adesão à Ucrânia durante a cúpula da aliança atlântica nesta quinta-feira (4) e disse para os Estados Unidos que não devem tentar impor sua vontade sobre a ex-república soviética.
Lavrov também exortou o governo em Kiev e os rebeldes pró-Rússia que combatem as forças ucranianas no leste da Ucrânia a apoiarem as iniciativas de paz delineadas pelo presidente russo, Vladimir Putin, e evitar "uma crise em grande escala" no coração da Europa.
Putin revelou o seu plano de sete pontos na quarta-feira (3), na véspera da cúpula da Otan, na qual a crise na Ucrânia será discutida.
"É justamente em um momento como este, quando surge a oportunidade de começar a resolver problemas específicos entre Kiev e as milícias, que alguns setores do governo de Kiev fazem exigências para que a Ucrânia deixe seu status não-alinhado e comece a entrar na Otan", disse Lavrov em conversações com a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, entidade voltada para promoção de direitos e segurança.
"É uma flagrante tentativa de inviabilizar todos os esforços de iniciar um diálogo sobre a garantia da reconciliação nacional", afirmou.
Falando sobre as preocupações de Moscou a respeito da influência dos EUA sobre Kiev, Lavrov disse que "alguns de nossos parceiros ocidentais, incluindo, infelizmente, os mais influentes - os Estados Unidos- querem a vitória para a Otan e querem uma situação em que a América dita a sua vontade a todos".
Lavrov disse ainda que em parceria com a OSCE, a Rússia "está pronta para tomar medidas práticas para desescalar a violência".
- Relatório preliminar sobre causa de tragédia do voo MH17 sairá dia 9
- Encontrados 87 corpos de soldados ucranianos
- França suspende entrega de navio de guerra para a Rússia
- Putin diz que acordo entre Ucrânia e rebeldes pode ser alcançado até 6ª
- Kremlin desmente que Rússia fechou um cessar-fogo com a Ucrânia
- UE deve decidir sobre novas sanções contra Rússia na sexta-feira