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Lima - Supostos rebeldes do Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA) aparecem pregando a luta armada no Peru em um vídeo divulgado por uma TV local, o que gerou temores de ressurgimento da violência política no país.

A emissora privada Frecuencia Latina exibiu na noite de quinta-feira o vídeo em que três supostos rebeldes aparecem com os rostos cobertos e armas erguidas, pregando contra o presidente Alan García e suas políticas capitalistas.

O ministro do Interior, Fernando Barrios, disse na sexta-feira que a polícia tinha conhecimento do vídeo desde 3 de setembro, e que está investigando sua origem.

"Evidentemente, como é um acampamento, identificamos pelo menos um dos membros, e supõe-se que poderia ter sido (gravado) na selva da Bolívia, mas isso está em investigação," afirmou.

O MRTA ficou conhecido entre 1996 e 1997, quando seu líder Néstor Cerpa realizou o maior sequestro político da história latino-americana, ao ocupar a residência do embaixador japonês em Lima.

Nas imagens aparecem supostos guerrilheiros fardados, com os rostos cobertos por lenços vermelhos e óculos escuros. Atrás deles surge uma bandeira peruana com a sigla MRTA.

Um homem identificado como "comandante Camilo Reyes" disse pertencer à facção FAR-EPT (Forças Armadas Revolucionárias do Exército Popular Tupacamarista) e criticou a corrupção e "a política entreguista do Apra (partido governista), que arremata os recursos naturais."

Ao final do vídeo, aparece o seguinte texto: "Enquanto existir fome, miséria, exploração e entreguismo, a luta continua."

O vídeo surgiu dois dias depois de a norte-americana Lori Berenson ser posta em liberdade, após cumprir 15 anos de pena por colaboração com o MRTA no Peru.

Jaime Antezana, especialista em assuntos da guerrilha, disse à Reuters que a origem do vídeo é duvidosa.

"Sabemos que o MRTA se dissolveu, eles aparentemente não são do MRTA, e sim de uma facção que aprendeu com a experiência passada do MRTA e que está na retaguarda estratégica para construir um exército popular cujo cenário seria a Amazônia."

O MRTA e o grupo maoísta Sendero Luminoso foram as duas organizações rebeldes que combateram o Estado peruano no final do século 20, num conflito que deixou pelo menos 69 mil mortos e desaparecidos, segundo dados oficiais.

Atualmente, facções remanescentes do Sendero Luminoso, que atuam em aliança com o narcotráfico, realizam ataques esporádicos nos Andes e na Amazônia peruana, sem que isso signifique um risco para a estabilidade do país, segundo analistas.

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