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O comandante das Farc, Rodrigo Londoño (e), conhecido como Timochenko, em vídeo divulgado pela guerrilha | Reprodução de televisão/AFP
O comandante das Farc, Rodrigo Londoño (e), conhecido como Timochenko, em vídeo divulgado pela guerrilha| Foto: Reprodução de televisão/AFP

Trajetória

Conflito na Colômbia dura 48 anos.

1964 – As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) são formadas como guerrilha marxista.

1998 – Presidente Andrés Pastrana Arango inicia diálogo com a guerrilha; processo falha.

2000 – Plano Colômbia, para lutar contra o narcotráfico, é montado com pesado financiamento dos EUA.

2001 – Rebeldes libertam 359 reféns em troca de 14 guerrilheiros capturados.

2002 – Farc sequestram Ingrid Betancourt, então candidata à Presidência. Uribe é eleito presidente com promessa de linha-dura contra Farc.

2008 – Colômbia ataca acampamento das Farc no Equador e mata número 2 da guerrilha, Raúl Reyes. Governo liberta Ingrid Betancourt e 14 reféns.

2011 – Forças do governo matam Alfonso Cano, comandante das Farc.

26 ago. 2012 – Governo colombiano informa que foi firmado, em Havana, Cuba, acordo com as Farc para o fim do conflito armado.

Ontem – Líder das Farc se pronuncia, por meio de vídeo, e confirma negociações.

As Forças Armadas Revolu­­cionárias da Colômbia (Farc) responderam ontem de forma inusitada ao anúncio de negociações de paz com o governo. Divulgaram um clipe musical pela internet, recheado de ironia, em que dizem que aceitam negociar a paz "sem ódios nem rancor".

O vídeo, de pouco mais de quatro minutos, é a primeira reação da guerrilha desde que Santos confirmou, na semana passada, as conversas com as Farc para negociar o fim das quase cinco décadas de conflito armado.

"Chegamos à mesa de diá­­logo sem rancores nem ar­­rogâncias", diz Rodrigo Lon­­doño, o Timochenko, o guerrilheiro que assumiu o comando do grupo em 2011.

Depois, surgem guerri­­lhei­­­­ros, vestidos com camisas de "Che" Guevara, cantan­­do ao som de cúmbia, um ritmo latino popular, que o "pedante e burguês" Santos teve de recorrer ao diálogo porque não conseguiu derrotá-los militarmente. "Ai, eu­­ vou para Havana/ desta vez­­­­ para conversar/ com o bur­­­­guês­­ que nos buscava/ e não­­ nos pôde derrotar", diz o re­­frão.

A letra critica o Brasil por vender à Colômbia aviões militares Super Tucanos, da Embraer. A Colômbia tem 25 aviões do tipo, um dos trunfos dos militare s, pela adaptação ao combate na selva.

Os guerrilheiros-cantores, três homens e uma mulher, também citam o Plano Colômbia, "um plano que foi feito pelos gringos/ dólares com policiais", dos EUA.

Desde 2000, Washington transferiu US$ 8 bilhões a Bogotá para luta antidroga e anti-Farc. Além do tom provocativo, a canção é uma mensagem para levantar o moral dos combatentes, aproximadamente 8 mil.

A canção louva chefes da­­­­­­ guerrilha mortos, inclu­­in­­­­do o fundador Manuel Ma­­ru­­lan­­da, e afirma que as Farc não­­ desistirão de objetivos his­­tóricos – nascida marxista, a guerrilha se financia com o narcotráfico.

A retórica revolucionária é substituída por uma agenda reformista para "por freio ao capital explorador". "Que fiquem na pátria/as riquezas naturais", cantam.

O presidente Santos deve anunciar nos próximos dias detalhes sobre a negociação, que, segundo o governo, não implicará fim de combates.

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