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Desafiando o Ocidente

Em visita ao Vietnã, Putin busca ampliar gama de aliados na Ásia

O ditador russo, Putin, cumprimenta seu homólogo do Vietnã, To Lam, em Hanói (Foto: Sputnik/Kristina Kormilitsyna/Kremlin via REUTERS)

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O ditador russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (20) que deseja construir uma "arquitetura de segurança confiável" na região Ásia-Pacífico, durante uma visita de Estado ao Vietnã, parte de uma viagem à Ásia vista como uma demonstração de desafio ao Ocidente.

Um dia depois de assinar um acordo de defesa mútua com a Coreia do Norte, Putin recebeu uma saudação de 21 tiros em uma cerimônia militar no Vietnã, foi abraçado por dois de seus líderes comunistas e elogiado por um deles.

Putin contribuiu para a "paz, estabilidade e desenvolvimento" no mundo, disse o ditador do Vietnã.

A visita de Putin atraiu críticas dos Estados Unidos e de seus aliados, que tratam o líder russo como um pária e protestaram contra o fato de que ele não deveria ter um palco para defender a guerra da Rússia na Ucrânia.

A Rússia e o Vietnã assinaram 11 acordos sobre questões que incluem energia, enfatizando o pivô de Moscou para a Ásia depois que o Ocidente impôs sanções a Moscou por conta do conflito na Ucrânia.

"Estamos firmemente comprometidos em aprofundar a parceria estratégica abrangente com o Vietnã, que permanece entre as prioridades da política externa da Rússia", disse Putin, citado pela mídia russa.

Segundo a Tass, o chefe do Kremlin disse que os dois países compartilham o interesse em "desenvolver uma arquitetura de segurança confiável" na região, baseada no não uso da força e na resolução pacífica de disputas, sem espaço para "blocos político-militares fechados".

Os 11 pactos assinados em Hanói não estavam no mesmo nível do histórico acordo de defesa mútua na Coreia do Norte.

Mas a recepção calorosa de Putin foi uma conquista de relações públicas para o líder russo, que tem um mandado de prisão pendente do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra ele por crimes de guerra na Ucrânia, acusações que ele nega. Nem a Rússia nem o Vietnã são membros do TPI.

"A recepção triunfal de Putin em Hanói marcará um contraponto aos recentes reveses da Rússia", disse Carlyle Thayer, professor emérito da Academia da Força de Defesa Australiana, listando a recente conferência sobre a Ucrânia na Suíça e as novas sanções da União Europeia contra a Rússia.

Essas foram as mais recentes sanções ocidentais impostas à Rússia desde a invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022, que Moscou chama de "operação militar especial".

A blitz de relações públicas de Putin foi ajudada pelo fato de o Vietnã, ao contrário da Coreia do Norte, ter relações amistosas com os Estados Unidos e seus aliados, disse Zachary Abuza, professor do National War College dos EUA.

"Embora tenha havido muito menos fanfarra e aspectos performáticos do que na Coreia do Norte, essa visita ainda foi importante para Putin porque o Vietnã é, na verdade, um ator importante na economia global, e não um Estado pária comicamente maligno", disse Abuza.

A recepção de Putin pelo Vietnã foi criticada pelos Estados Unidos, agora um parceiro importante que melhorou as relações diplomáticas com Hanói no ano passado e é o principal mercado de exportação do Vietnã, e pela UE.

Um comunicado da embaixada de Washington nesta semana disse que nenhum país deveria dar a Putin uma plataforma para promover a guerra da Rússia na Ucrânia.

Um porta-voz da delegação da UE no Vietnã disse que Hanói tem o direito de desenvolver sua própria política externa, mas afirmou que a guerra da Rússia na Ucrânia provou que Moscou não respeita a lei internacional.

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