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O governo venezuelano revogou neste sábado (7() a autorização que permitiu o Brasil a assumir a custódia da embaixada argentina em Caracas, sob o argumento de que o local é usado para “atividades terroristas”. Desde a noite de sexta (6) o prédio está cercado por policiais. A energia elétrica do prédio também teria sido cortada.
Em nota encaminhada ao Itamaraty, o governo de Maduro diz apenas que “tomou a decisão de revogar de maneira imediata a aprovação concedida pelo governo da República Federativa do Brasil para exercer a representação dos interesses da República Argentina e de seus nacionais em território venezuelano".
A nota diz ainda que o governo “foi obrigado” a revogar a autorização em função de provas sobre o uso das instalações para “atividades terroristas" e “tentativas de homicídio” contra o presidente Nicolás Maduro e contra a vice-presidente Delcy Rodríguez. A nota ainda afirma que a decisão está embasada “nos preceitos da Justiça do país” e em “conformidade com as Convenções de Viena”.
Por enquanto, a única resposta do governo brasileiro através do Itamaraty foi a de que o Brasil só deixará a custódia da embaixada após a definição de um país substituto. Em nota ao portal G1, o Itamaraty disse que a prioridade é garantir a integridade dos abrigados na embaixada e que o local continua sob responsabilidade do Brasil. "O Brasil continua a representar os interesses da Argentina. Se a Venezuela quiser revogar a autorização, tem que esperar a definição de um país substituto. Enquanto isso, continuamos a assumir essa responsabilidade", diz a nota.
De acordo com a agência EFE, Pedro Urruchurtu, um opositores abrigados na embaixada, usou a rede social X, bloqueada no Brasil, para denunciar a situação. Urruchurtu é coordenador internacional do Vamos Venezuela (VV), partido da líder opositora María Corina Machado. Ele escreveu que agentes da Direção de Ações Estratégicas e Táticas (DAET) da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) e do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), juntamente com homens "encapuzados e armados, cercam” a residência oficial.
Além de Urruchurtu, também estão dentro da residência Magalli Meda, que foi chefe de campanha presidencial do partido; Claudia Macero, coordenadora de comunicações do VV; Omar González, ex-deputado; Humberto Villalobos, coordenador eleitoral do Comando de Campanha do VV; e o ex-ministro Fernando Martínez Mottola, assessor da Plataforma Unitária Democrática (PUD), a principal coalizão de oposição ao governo do presidente Nicolás Maduro.
Os seis opositores se refugiaram na embaixada argentina depois que o Ministério Público venezuelano os acusou de vários crimes, incluindo conspiração e traição. No final de julho, esse grupo de opositores denunciou que “oficiais de segurança do regime” estavam do lado de fora do local e tentavam “tomar essa sede diplomática”, o que eles descreveram como uma “grave violação do direito internacional”.
Desde agosto, o Brasil está encarregado da custódia das sedes diplomáticas de Peru e Argentina na Venezuela, assim como da representação de seus interesses e cidadãos no país, após a expulsão dos membros de ambas as legações. Além do Peru e da Argentina, o governo de Nicolás Maduro também exigiu que Chile, Costa Rica, Panamá, República Dominicana e Uruguai retirassem “imediatamente” seus representantes, como retaliação por suas contestações sobre o resultado das eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela, nas quais Maduro foi proclamado vencedor. (Com informações da agência EFE)