O presidente Donald Trump afirmou pelo Twitter na noite desta quinta-feira (10) que a declaração conjunta com o presidente Jair Bolsonaro assinada em março deixa "absolutamente claro que eu apoio que o Brasil inicie o processo para se tornar membro pleno da OCDE".
"Os Estados Unidos mantêm a declaração e apoiam @jairbolsonaro. Esse artigo é Fake News!", acrescentou Trump, sobre o artigo da Bloomberg publicado mais cedo que diz que os EUA não apoiaram a entrada do Brasil na OCDE.
Mais cedo, a embaixada dos Estados Unidos no Brasil divulgou uma nota para reafirmar o apoio do país ao ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
"A declaração conjunta de 19 de março do presidente [Donald] Trump e do presidente [Jair] Bolsonaro afirmou claramente o apoio ao Brasil para iniciar o processo para se tornar um membro pleno da OCDE e saudou os esforços contínuos do Brasil em relação às reformas econômicas, melhores práticas e conformidade com as normas da OCDE. Continuamos mantendo essa declaração", diz a nota.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, também reafirmou que os Estados Unidos "apoiam totalmente que o Brasil comece o processo de se tornar um membro pleno da OCDE".
"A carta vazada não representa com precisão a posição dos Estados Unidos em relação à expansão da OCDE. Somos apoiadores entusiasmados da entrada do Brasil nesta importante instituição e os Estados Unidos farão um grande esforço para apoiar a adesão do Brasil", acrescentou Pompeo pelo Twitter.
A embaixada americana diz ainda que o governo do país apoia a expansão da OCDE, mas em "ritmo controlado", e defende uma pressão por reformas nos países que desejam integrar o grupo. "Apoiamos a expansão da OCDE a um ritmo controlado que leve em conta a necessidade de pressionar as reformas de governança e o planejamento de sucessão".
"Continuaremos a trabalhar com outros membros da OCDE para encontrar um caminho para a expansão da instituição. Todos os 36 países membros da OCDE devem concordar, por consenso, com o calendário e a ordem dos convites para iniciar o processo de adesão à OCDE”, continua a nota.
Uma reportagem da Bloomberg desta quinta-feira afirmou que o governo dos EUA havia recusado ao apoio à entrada do Brasil na OCDE, com base em uma carta em que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, rejeita um pedido para discutir a ampliação do clube dos países mais ricos. Pompeo afirmou ainda na carta que Washington apoiou apenas as candidaturas da Argentina e da Romênia.
A falta de citação do Brasil causou surpresa por aqui, uma vez que o presidente Donald Trump havia prometido apoiar a adesão brasileira ao bloco, pretendida pelo presidente Jair Bolsonaro.
"Posição clara" de apoio
O secretário-geral adjunto da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ludger Schuknecht, procurou amenizar as notícias sobre uma possível falta de apoio dos Estados Unidos ao ingresso do Brasil ao grupo econômico. "Os EUA têm uma posição clara de apoiar o ingresso do Brasil na OCDE. Não tenho informações de uma mudança nessa posição", disse nesta quinta a jornalistas, após participar do Fórum de Investimentos Brasil 2019.
Questionado sobre se teve conhecimento da carta de Pompeo, Schuknecht se limitou a dizer que a posição dos EUA foi clara e que não houve mudanças nessa postura. O executivo disse ainda que o Brasil é o parceiro-chave mais avançado da OCDE. Ele lembrou que o país já se adequou a vários padrões exigidos pelo grupo econômico e que também já participa de muitos comitês dentro da organização.
Apesar das citações positivas, ele evitou dar um prazo para o ingresso do Brasil na OCDE. "Estamos ansiosos pela adesão do Brasil, mas o processo político precisa ser finalizado", disse, referindo-se ao processo de tomada de decisão por parte dos países membros da OCDE. "O Brasil está no caminho certo para fazer parte do grupo", enfatizou Schuknecht.
Ele comentou ainda que há outros países que já estão formalmente na fila para ingresso, entre eles Argentina, Peru, Romênia, Bulgária e Croácia, além de outros cujo processo ainda é mais incipiente, como Colômbia e Costa Rica. A OCDE tem hoje 36 nações como integrantes. A organização atua para que seus membros adotem padrões convergentes em questões comerciais, financeiras, ambientais e sociais, o que facilita o trânsito de investimentos em cada uma das economias.