Simpatizantes do líder oposicionista da Costa do Marfim que reivindica a vitória na eleição presidencial, Alassane Ouattara, ocuparam a embaixada marfinense em Paris ontem para pedir que seu adversário, Laurent Gbagbo, renuncie ao poder. A televisão francesa informou que cerca de 15 pessoas conseguiram entrar no prédio, e os funcionários da embaixada saíram, sem confrontos. A polícia preferiu não comentar o incidente. "Pedimos aos funcionários que fossem para casa", disse Marcel Youpeh, membro do partido RAPD, pró-Ouattara.
O embaixador Pierre Kipre, aliado de Gbagbo, não estava na embaixada no momento da ocupação, segundo a mídia local.
Greve fracassa
Em Abidjã, capital governamental da Costa do Marfim, a tentativa de Ouattara de convocar uma greve geral para forçar a saída de Gbagbo do governo fracassou, ontem.
Assim que o sol nasceu, após o final de semana do Natal, as buzinas e os gritos de vendedores ambulantes eram ouvidos nas ruas e o trânsito estava congestionado, como de costume.
Desde o abastado e frondoso subúrbio de Cocody onde mora Gbagbo até o bairro pobre de Treichville, nas proximidades de uma dos principais portos da África ocidental, a cidade estava a todo vapor.
Até mesmo nos bairros onde a votação em Ouattara foi grande, como Abobo, no norte da cidade, a movimentação era intensa. Em Koumassi, nas proximidades do local onde Ouattara montou seu governo paralelo, o mercado de rua estava funcionando.
Tanto Gbagbo quanto Ouattara afirmam ter vencido o segundo turno da eleição presidencial, realizado no dia 28 de novembro. Embora Ouattara seja reconhecido pela comunidade internacional e pela ONU como o verdadeiro vencedor, Gbabgo continua no poder.
O partido de Ouattara, o RHDP, convocou uma greve geral na noite de domingo para forçar Gbagbo a deixar o cargo, mas a medida não surtiu efeito. Não está claro se isso aconteceu por causa de falta de apoio ou porque a mensagem não foi transmitida corretamente à população.
As forças de segurança ligadas a Gbagbo mantêm a cidade com mão de ferro e uma tentativa anterior de realizar uma manifestação de protesto foi esmagada. Segundo monitores da ONU ocorreram assassinatos e sequestros em bairros onde há apoio a Ouattara.
Gbagbo deve se reunir hoje com uma delegação de líderes da África ocidental que se encaminha ao país para pedir que ele deixe o cargo, sob a ameaça de uma intervenção militar regional.
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