Segurança
Ministro teme por brasileiros que vivem no país
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou ontem que a situação na Síria é "gravíssima" e "preocupante", inclusive para os 3 mil brasileiros que vivem no país. Ele declarou ainda que o Brasil vê com bons olhos o retorno dos observadores da Liga Árabe, agora com apoio das Nações Unidas. "Esperamos que essa movimentação diplomática da Liga Árabe continue".
Segundo Patriota, o governo brasileiro acompanha a situação, e uma família entrou em contato com a Embaixada Brasileira no país pedindo para ser repatriada ao Brasil. "Entramos em contato com o embaixador, e esperamos que possam ser repatriados. É um casal sírio com dois filhos, ambos de nacionalidade brasileira. Esperamos que isso [a repatriação] possa ocorrer com segurança", afirmou.
Folhapress
Cidade-símbolo
Conflito mata 110 em Homs
O sexto dia de ofensiva das forças de Bashar Assad na cidade de Homs matou, pelo menos, 110 civis, segundo relatos de ativistas. Eles estimam que, desde o sábado passado, já morreram entre 300 e 400 pessoas na cidade que virou símbolo de resistência ao regime.
A escalada de violência fez com que Organização das Nações Unidas (ONU) e Liga Árabe considerassem o envio de uma missão conjunta à Síria. A proposta será discutida por ministros árabes no Cairo no próximo domingo.
O secretário-geral do bloco, Nabil el Araby, havia anunciado que uma nova missão de observadores só seria enviada ao país se fosse maior, mais bem equipada e tivesse o apoio da comunidade internacional. Cerca de 165 monitores árabes chegaram a entrar na Síria, mas a missão foi suspensa no fim de janeiro.
De acordo com os Comitês de Coordenação Locais, de oposição a Assad, dez crianças estariam entre os 131 que foram mortos ontem em todo o país.
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A violência descontrolada e os disparos frequentes de artilharia sobre o edifício onde mora na cidade de Homs fizeram o sírio M. pedir ajuda à Embaixada do Brasil em Damasco. M. e a esposa são cidadãos sírios, mas moraram por vários anos em Foz do Iguaçu, onde nasceram os dois filhos, hoje com 12 e 13 anos, cidadãos brasileiros natos. Assustado, o casal quer enviar as crianças ao Brasil, onde tem parentes mas aguarda o resgate em uma cidade sitiada.
"Eles vivem no bairro de Inshaat, um dos acessos ao centro da cidade para quem chega de Damasco", explicou o embaixador brasileiro na Síria, Edgard Casciano.
A identidade da família foi preservada a pedido da diplomacia brasileira até que remoção seja completada com segurança.
"Estou em contato permanente, mas não temos como retirá-los de lá devido aos conflitos armados para retomar o controle da região. Falei com o pai longamente pelo telefone e pude ouvir os disparos ao fundo. E não eram de armas leves. Eles contam que os projéteis passam por cima do prédio."
As comunicações telefônicas com Homs são intermitentes, e os contatos têm sido feitos através de uma rede de informações montada pela embaixada.
Segundo o embaixador, a maioria dos cidadãos brasileiros já deixou as áreas de risco e não corre perigo.
" O que me preocupa são esses dois menores, que serão repatriados. O pai ontem me pareceu mais calmo. Não faltam comida ou suprimentos na cidade, mas essa situação torna difícil reabastecer as reservas por ser arriscado sair de casa. Há francoatiradores por todos os lados. Eu os aconselhei a não por o pé na rua até que a ajuda chegue. A rua onde moram fica não muito distante da chamada Avenida Brasil", disse o diplomata, referindo-se à rua transformada numa espécie de "corredor da morte" em Homs.
A embaixada chegou a cogitar o envio de representantes para retirar os jovens de Homs, mas é impossível chegar à cidade. Casciano entrou em contato com as autoridades sírias pedindo proteção aos menores. Ontem, o embaixador foi recebido pelo vice-ministro das Relações Exteriores da Síria, Faisal Mekdad, para negociar a remoção dos brasileiros. O plano é que as autoridades sírias retirem os meninos de Inshaat e as transfiram para um local seguro, dentro ou fora da cidade de Homs, onde representantes da embaixada possam recebê-las.
"Imediatamente, o vice-chanceler acionou o Ministério do Interior e pediu providências urgentes. Ele sempre foi muito solícito. Estamos aguardando para que possam enviar um representante para lá o mais rápido possível", afirmou Casciano.