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Cortadores de cana

Embaixador brasileiro nega acusação de que país tem "escravos do etanol"

O embaixador do Brasil na Grã-Bretanha, José Mauricio Bustani, teve uma carta publicada na edição deste sábado (17) do jornal britânico "The Guardian", rebatendo uma reportagem que chamava cortadores de cana brasileiros de "escravos do etanol."

A reportagem publicada em 9 de março, feita no interior de São Paulo, na cidade de Palmares Paulista, acusa a indústria brasileira do etanol de se apoiar em um "exército de 200 mil migrantes pobres."

Bustani afirma que o título da matéria -- "Escravos do etanol" -- é enganador, pois a produção de etanol do Brasil "não é baseada na escravidão." "Trabalhadores da cana-de-açúcar são livres para ir e vir, e têm o direito de participar de sindicatos. No estado de São Paulo, o foco do artigo, quase 90% dos 400 mil trabalhadores de cana-de-açúcar estão na economia formal, o que significa que eles têm os direitos trabalhistas garantidos pelo Estado."

O embaixador afirma que um dos ativistas entrevistados pela reportagem usou a palavra "escravos", mas que uma matéria mais imparcial deveria ter buscado informações de um número maior de fontes.

José Mauricio Bustani afirma que o governo brasileiro reconhece os problemas enfrentados pelos cortadores de cana apresentados pela reportagem, como a longa jornada de trabalho (com turnos de 12 horas) e os baixos salários (cerca de R$ 2 por tonelada de cana cortada), e está buscando medidas de regulamentação para protegê-los.

"Embora o artigo deixe implícito que há uma falta de preocupação com o bem estar dos cortadores e de suas famílias, o fato é que as usinas de cana mantêm mais de 600 escolas, 200 centros de cuidados infantis e 300 postos médicos," conclui o embaixador.

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