O embaixador norte-americano no Brasil, Clifford M. Sobel, deu uma palestra nesta sexta-feira (24) na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo, na qual falou do Brasil como um "parceiro global" dos EUA em matéria de segurança e fez referências a uma eventual cooperação do país com a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Falando para uma platéia composta quase em sua totalidade por estudantes, Sobel falou da importância de uma futura ampliação do espaço de atuação da OTAN por meio de 'novos grupos regionais'.
"Hoje temos diferentes regiões, como Oriente Médio, Ásia ou as ex-Repúblicas Soviéticas, que já cooperam entre si. Agora essas regiões precisam decidir que tipo de cooperação elas querem ter com a OTAN", disse o embaixador.
Ao ser perguntado sobre como seria na prática uma eventual cooperação do Brasil com a aliança ocidental, Sobel disse que "não há um modelo pronto, mas que já existem vários exemplos".
"O Brasil já está bem envolvido no que eu chamo de 'parceria global'. Ao mostrar sua liderança em ajudar a garantir a segurança do Haiti, o país agora deve se perguntar se quer estar apenas na América do Sul ou, eventualmente, na Ásia. A questão é saber quanto o Brasil vai querer se envolver (com a OTAN) no futuro."
Durante sua palestra, cujo nome era "EUA e Brasil: Parceiros Globais", Sobel ressaltou em diversas ocasiões que as relações entre EUA e Brasil vivem seu melhor momento e falou que ambos países podem "construir juntos uma era de prosperidade".
Doha
Ao ser perguntado sobre a posição norte-americana no impasse atual que levou à paralisação das negociações na Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador se limitou a dizer que "os EUA não devem abandonar Doha" porque o sucesso nas negociações "pode tirar muitas pessoas da pobreza".
Presente ao evento ao lado do embaixador, o diretor da Faculdade de Economia da Faap e ex-secretário-geral da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, Rubens Ricupero, decidiu intervir nessa questão e disse que os EUA "têm responsabilidade decisiva" no sucesso ou no fracasso da Rodada de Doha.
"O futuro da Rodada de Doha está nas mãos do Congresso dos EUA, que vai votar neste ano uma nova lei agrícola. Essa lei aumentará o nível dos subsídios atuais e ainda recolocará subsídios que haviam sido banidos pela OMC", disse Ricupero.