O embaixador da Síria no Iraque desertou na quarta-feira (11) em protesto em protesto à repressão militar promovida pelas forças do presidente, Bashar al-Assad, contra uma repressão a opositores que já dura 16 meses, afirmaram fontes da oposição síria.
Nawaf al-Fares, que tinha laços estreitos com a força de segurança síria, é o primeiro diplomata do alto escalão a abandonar o governo. Não houve comentários por parte de Damasco ou de Bagdá.
Veterano do governo de Assad que ocupou cargos importantes na época do já falecido presidente Hafez al-Assad, Fares é de Deir al-Zor, cidade no leste do país que tem sido palco de ataques militares ferozes promovidos pelas forças de Assad.
"Isso é apenas o início de uma série de deserções no nível diplomático. Estamos em contato com diversos embaixadores", disse Mohamed Sermini, integrante do principal grupo de oposição, o Conselho Nacional Sírio.
A deserção de Fares, que é sunita, pode representar um golpe importante para Assad, que deseja convencer o mundo de que conduz uma defesa legítima de seu país contra grupos armados apoiados por estrangeiros que querem derrubar o governo.
A decisão de Fares de abandonar o barco segue-se à saída do país na semana passada do general-de-brigada sunita Manaf Tlas, que já foi bastante amigo de Assad, cuja seita alauíta, minoritária, depende de aliados sunitas para manter o controle sobre a população síria, de maioria sunita.
Tlas viajou para Paris e não falou sobre suas intenções. Fontes da oposição afirmaram que Fares estava saindo do Iraque, mas não estava claro para onde ele iria.
O primeiro sinal de racha nas fileiras diplomáticas da Síria ocorre no momento em que Assad recebe mais apoio das duas potências que resistem à pressão ocidental e do Golfo Pérsico para derrubá-lo: Rússia e China.
Na quarta-feira, a China apoiou o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan, que pediu o envolvimento do Irã nas conversações internacionais para resolver a crise síria.
No último ano, China e Rússia bloquearam os esforços do governo norte-americano e dos aliados do Golfo Pérsico para desequilibrar as forças contra Assad.