As emissões de carbono aumentaram cerca de 3% no planeta, em 2005, atingindo um volume ao menos 25% superior aos níveis registrados em 1990, disse um cientista que fornece dados para o Departamento de Energia dos EUA.
A elevação aconteceu apesar da promessa de vários governos do mundo em combater o aquecimento global, observou Gregg Marland, cientista sênior do Centro de Análise de Informações sobre o Dióxido de Carbono (CDIAC), que fornece dados para governos, pesquisadores e organizações não-governamentais do mundo todo.
- A taxa de aceleração é fenomenal - disse Marland. - Metade do gás carbônico foi emitido a partir de 1980. Acho que as pessoas perderam o controle sobre a taxa de aceleração. Tende-se a imaginar isso como algo que vem acontecendo. Não é assim - afirmou o cientista.
O aumento no volume de emissões de dióxido de carbono e de outros gases do efeito estufa contribui para causar profundas alterações climáticas no planeta, entre as quais elevar o nível dos oceanos e tornar mais violentos os fenômenos climáticos, dizem muitos cientistas.
Segundo esses estudiosos, é preciso cortar drasticamente o nível de emissões até a metade deste século a fim de reduzir a proporção das alterações climáticas.
Mas o acentuado aumento no volume de emissões nos últimos anos chama atenção para a dificuldade da tarefa com que se deparam os governos dos mais diversos países.
O CDIAC estima que as emissões de gás carbônico elevaram-se no mundo, em 2005, em cerca de 200 milhões de toneladas, atingindo o patamar de 7,9 bilhões de toneladas, ou 28% acima dos níveis de 1990. O aumento em 2004 foi de quase 5%, afirmou.
As estimativas para esses dois anos baseiam-se em dados sobre consumo de energia divulgados pela empresa petrolífera BP. Os cálculos anteriores utilizaram dados fornecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
- Os últimos dois anos são sempre objeto de revisões, mas acho que esses dados mostram-se bastante consistentes - afirmou Marland.
O dióxido de carbono é produzido quando as pessoas queimam combustíveis fósseis como carvão e gasolina para produzir energia e para movimentar veículos.
Cortes drásticos na emissão vão exigir um aproveitamento mais eficiente dos recursos energéticos e um investimento maior em atividades que produzem pouco gás carbônico, como usinas nucleares e fontes renováveis de energia, diz a Agência Internacional de Energia, que presta aconselhamento a países ricos.
Nicholas Stern, principal economista do governo britânico, afirmou em outubro que o mundo precisava cortar as emissões de gases do efeito estufa em ao menos 25%, até a metade do século, e disse que ações imediatas seriam menos custosas do que a depressão econômica resultante da omissão.
O Protocolo de Kyoto, o único acordo mundial sobre emissões atualmente em vigor, exige que 35 países desenvolvidos diminuam, até 2012, o volume de suas emissões para 5% abaixo dos patamares verificados em 1990.
Mas o acordo não envolve três dos quatro maiores poluentes dos dias de hoje -os EUA, que se retiraram do tratado, a Índia e a China.