Segundo um novo estudo, a onda de emoção que torna as lembranças de constrangimento, vitória e decepção tão vívidas também pode voltar no tempo, reforçando a recordação de coisas aparentemente banais que aconteceram anteriormente e que, em retrospecto, são relevantes.
As conclusões, publicadas na revista "Nature", corroboram a teoria de que a memória é um processo adaptativo, que se atualiza continuamente. O novo estudo sugere que a memória humana de fato tem um arquivo de reserva com visões, sons e observações aparentemente triviais que podem vir a ser úteis posteriormente.
O experimento não enfocou o efeito dos traumas, que moldam a memória de maneiras imprevisíveis. Ele visava sobretudo imitar os estímulos da vida cotidiana. O estudo utilizou choques elétricos brandos para gerar apreensão e mensurou como a emoção afeta a memória de fotografias vistas previamente. "O estudo forneceu forte evidência de um tipo específico de realce retroativo", disse Daniel L. Schacter, da Universidade Harvard, que não participou da pesquisa.
Ele e outros especialistas ressaltaram que os detalhes do processo ainda não estão claros. Ninguém sabe se lembranças passadas são desencadeadas por uma experiência emocional, até que ponto é possível retroceder no tempo ou se a memória também suprime alguns detalhes.
De acordo com especialistas, as lembranças codificadas não são fixas e podem esmaecer ou se intensificar devido a eventos posteriores. O estudo foi feito em várias etapas na Universidade de Nova York. Na primeira, os 119 participantes se sentaram diante de um computador vendo uma série de fotografias e classificaram cada uma como ferramenta (martelo, serra) ou animal (cavalo, águia). Eles viram 30 ferramentas e 30 animais, sem ordem definida.
Cinco minutos depois, os homens e as mulheres sentaram-se novamente diante do computador, desta vez com fios de eletrodos presos em um dos pulsos.
A equipe de pesquisa, liderada por Joseph Dunsmoor, calibrou um nível desconfortável de choque para cada pessoa. Os participantes então classificaram um novo conjunto de 60 fotografias, 30 ferramentas e 30 animais, em ordem aleatória. Metade do grupo recebeu um choque na maioria das vezes em que via um animal, e a outra metade recebeu um choque na maioria das vezes em que via uma ferramenta.
A equipe de pesquisa então aplicou um teste-surpresa, mensurando o quão vividamente os participantes se lembravam de todas as fotografias. Os resultados variaram dependendo de quando as pessoas fizeram o teste.
Aqueles que o fizeram de imediato se lembraram tanto das ferramentas quanto dos animais, ou seja, os choques não tiveram efeito aparente. Mas aqueles que fizeram o teste seis horas ou um dia depois se recordaram de cerca de 7% mais itens da categoria que envolvia choques. Eles se lembravam, por exemplo, de mais ferramentas se tivessem recebido choques ao ver ferramentas.
"A experiência emocional dos choques fortaleceu ou preservou as lembranças de coisas que, no momento que estavam sendo codificadas, pareciam banais", afirmou Dunsmoor.
Schacter comentou: "A descoberta que mais me surpreendeu é que a intensificação depende de algum processo de consolidação ainda desconhecido".
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